terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Seja o que for que sirva para iluminar | Abrunhosa 2011

Mais do que as datas que nunca se esquecem está alguém que me animou e alegrou, apaixonou e aconchegou, ao longo destes outonos, invernos, primaveras, verões, ...



Abrunhosa 2011

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Maria Gadú e Marco Rodrigues | Valsa



Valsa
Tua alegoria já não abre alas
Pra toda poesia que insiste em bater
Nos tambores surdos da porta que cerras
Pra chorar sozinha por tanto querer

Teu amadorismo impõe tal carência
Não sou da cadência, não sou de valor
Você é rara, no mundo
Só dance essa valsinha se preciso for
Eu tento trair, não me cabe a culpa

Abra logo a tua porta
Minha vã certeza vai te embargar
Sigo distraída, a tal impureza
Mas é carnaval de novo, você se dissolve
E a saudade aumenta

Não precisa o amor
Não precisa o abraço, não te cobre o laço
Que não cobre o som

Teu grito arde, invade, a casa
E as palavras calam no meu coração

O destino que se cumpriu, de sentir seu calor e ser tudo ...



Amor de Índio

Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo cuidado, meu amor
Enquanto a chama arder

Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com o arco da promessa
Do azul pintado pra durar

Abelha fazendo mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu

O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser todo
Todo dia é de viver

Para ser o que for e ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado, meu amor

A massa que faz o pão
Vale a luz do teu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes

O tempo acordado de viver
No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer

Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser tudo

Parabéns Marco Paulo!

domingo, 18 de janeiro de 2015

Que nunca caiam as pontes entre nós | Coliseu 2011

E

Pontes entre nós

Eu tenho o tempo,
Tu tens o chão,
Tens as palavras
Entre a luz e a escuridão.
Eu tenho a noite,
E tu tens a dor,
Tens o silêncio
Que por dentro sei de cor.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Eu tenho o medo,
Tu tens a paz,
Tens a loucura que a manhã ainda te traz.
Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo que bata em nós um coração.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Pedro Abrunhosa

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Fotografia de Madrid de José Luís Peixoto

FOTOGRAFIA DE MADRID

Madrid regressará sempre. São precisos anos
para aprender aquilo que apenas acontece com
a distância de anos. É por isso que posso afirmar
que Madrid regressará sempre. Não sei que tipo
de entendimento encontrámos. Eu e Madrid não
nos conhecemos bem. Sabemos o essencial e
inventamos tudo o resto. Tanto a minha vida,
como a vida de Madrid, já tiveram muitas formas.
No entanto, quando nos encontramos, somos
sempre o mesmo nome. Avaliamo-nos por
cicatrizes e pequenas marcas de idade.
Não estabelecemos metas, estamos cansados.
Eu e Madrid só queremos uma cama, mas,
se não houver, contentamo-nos com o chão e,
se não houver, contentamo-nos com um abraço.

de José Luís Peixoto em Gaveta de Papéis (edições Quasi)