domingo, 21 de dezembro de 2014

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Declaração Universal dos Direitos Humanos | Imagine de John Lennon

Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos do Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

Artigo 1.º

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.



Imagine all people living live in peace ...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Tardes da minha terra, doce encanto | Florbela Espanca

Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes de anto,

Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em qu eu sou santo!

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar ...

E a minha boca tem uns beijos mudos ...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar ...

Florbela Espanca

Insensatez de Tom Jobim



Ah! Insensatez que você fez, coração mais sem cuidado ...

sábado, 8 de novembro de 2014

Ouçamos (atentamente) Pedro Lamares!



Jorge Sousa Braga, Alexandre O' Neill, Ruy Belo, Mário Henrique Leiria, Ana Luisa Amaral e Ricardo Reis.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Verão: dias de lua cheia.

E mesmo mesmo no final do verão ... O que me animou e refrescou!? Nesta época  estival inusitadamente refrescante, animaram-me os dias de lua cheia!  Sem esquecer as pessoas que, na minha vida, me proporcionam momentos únicos! 

domingo, 21 de setembro de 2014

Amor em tempo de cólera



da banda sonora do filme Amor em tempo de cólera. Pienso en Ti de António Pinto. Shakira.

sábado, 16 de agosto de 2014

Sara Tavares canta Muna Xeia



Muna Xeia de Sara Tavares

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Demorate a ti en la luz mayor de este mediodía | Mercedes Sosa





Las simples cosas

Uno se despide
Insensiblemente de pequeñas cosas.

Lo mismo que un árbol
Que en tiempo de otoño se queda sin hojas.

Al fin la tristeza es la muerte lenta de las simples cosas
Esas cosas simples que quedan doliendo en el corazón.

Uno vuelve siempre a los viejos sitios donde amo la vida
Y entonces comprende como estan de ausentes las cosas queridas.

Por eso muchacha no partas ahora soñando el regreso
Que el amor es simple y a las cosas simples las debora el tiempo.

Demorate a ti, en la luz solar de este medio día
Donde encontraras con el pan al sol la mesa tendida.

Por eso muchacha no partas ahora soñando el regreso
Que el amor es simple y a las cosas simples las debora el tiempo.

Uno vuelve siempre a los viejos sitios donde amo la vida...

Armando Tejada Gómez y César Isella.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

"Carpe diem! Make your lives extraordinary."



Keating - We don't read and write poetry because it's cute. We read and write poetry because we are members of the human race. And the human race is filled with passion. And medicine, law, business, engineering, these are noble pursuits and necessary to sustain life. But poetry, beauty, romance, love, these are what we stay alive for. To quote from Whitman, "O me! O life!... of the questions of these recurring; of the endless trains of the faithless... of cities filled with the foolish; what good amid these, O me, O life?" Answer. That you are here - that life exists, and identity; that the powerful play goes on and you may contribute a verse. That the powerful play *goes on* and you may contribute a verse. What will your verse be?

em O Clube dos Poetas Mortos, 1989

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Verão com pronúncia



Lisboa | Wendy Nazaré en duo avec Pep' s

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Danças do Mundo



Onde se dança, neste verão!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

terça-feira, 8 de julho de 2014

Pedro Abrunhosa e Rui Veloso | Coliseu 2011

P

Eu não sei quem te perdeu de Pedro Abrunhosa

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Jorge Nice | Sou Visigodo

Porque todo este blogue é, essencialmente, sobre os afetos ...

J

Jorge Nice em Sou Visigodo

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Que estranha forma de vida | Caetano Veloso




Que estranha forma de vida de Amália Rodrigues (poema) e de Alfredo Marceneiro (música).

A poesia não é filmável e não adianta persegui-la | JCM



Sophia de Mello Breyner de João César Monteiro, 1969

Sophia, Bethânia e Tom Jobim



Terror de te amar
Terror de te amar num sítio tao frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeiçao
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.

Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, 30 de junho de 2014

The heart asks pleasure first | Michael Nyman



da banda sonora do filme "O Piano" de Jane Campion, 1993

domingo, 22 de junho de 2014

Meryl Streep diz Rylke | You, darkness




You, darkness, that I come from
I love you more than all the fires
that fence in the world,
for the fire makes a circle of light for everyone
and then no one outside learns of you.

But the darkness pulls in everything-
shapes and fires, animals and myself,
how easily it gathers them!
- powers and people-

and it is possible a great energy is moving near me.
I have faith in nights.

Rainer Maria Rilke

sábado, 21 de junho de 2014

VERÃO



Hoje é o dia em que o sol nos faz companhia durante mais tempo.

E, nesta estação estival, aproveitemos a luz e o calor que dele emanam ...











Fonte da Telha

sexta-feira, 13 de junho de 2014

O que me animou e apaixonou nesta primavera?



E nesta primavera em que o sol intercalou com a chuva e o frio com o calor, a música ajudou a aquecer as noites ainda frias, em que a animação e a paixão se uniram para tornar esta primavera a continuação dos invernos e verões que se vão seguindo uns aos outros. 

Primaveras? Uma forma de medir o tempo, a vida, os sentimentos ...

Fernando Pessoa por Almada Negreiros




Retrato de Fernando Pessoa, 1954, óleo sobre tela.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Marcha de Santo António | Cuca Roseta



Marcha de Santo António

Vê o meu balão aqui a baloiçar
Verde e encarnado de luz a brilhar
É uma estrela num arco enfeitado
No céu de Lisboa, na marcha a passar

Letra de Norberto Araújo e música de Raúl Ferrão

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Nadie nos mira por Marta Lira




Nenhum Olhar de José Luis Peixoto

조제 루이스 페이쇼투 dito por 낭송: 김한민



Na hora de pôr a mesa éramos cinco de José Luis Peixoto

시: 조제 루이스 페이쇼투 Poema de José Luís Peixoto, 번역: 강구 traduzido por Byung Goo Kang,
낭송: 김한민 diseur, Hanmin Kim.

terça-feira, 10 de junho de 2014

A Minha Pátria é a Língua Portuguesa | Fernando Pessoa

"Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida. (...)

Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noite em que, ainda criança, li pela primeira vez numa selecta o passo célebre de Vieira sobre o rei Salomão. «Fabricou Salomão um palácio...» E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso: depois rompi em lágrimas, felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquele movimento hierático da nossa clara língua majestosa, aquele exprimir das ideias nas palavras inevitáveis, correr de água porque há declive, aquele assombro vocálico em que os sons são cores ideais - tudo isso me toldou de instinto como uma grande emoção política. E, disse, chorei: hoje, relembrando, ainda choro. Não é - não - a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica. 

Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse. 

Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.»

em O Livro do Desassossego de Bernardo Soares 

Compreendes-te o alcançe?!



Mixórdia de Temáticas | Ricardo Araújo Pereira

quarta-feira, 4 de junho de 2014

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Enquanto a chama arder ... | Maria Gadú



No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera  poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar
...

Deixa eu dançar para o meu corpo ficar ODARA ...



Odara, termo de origem hindu. Significa paz e tranquilidade.

Rodrigo Leão e Olafur Arnalds

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Pedro Lamares diz Alberto Caeiro



Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro, poema XXI

VOAR. AH, VOAR!

Voar: esforço de desmemória  que consiste em extrair da mente todo o peso do real.

VOAR. AH, VOAR!
Nascemos sem asas, mas com a capacidade de as sonhar. Existem tantas lendas antigas sobre homens voadores quantos balões há no céu. Sonhadores -pessoas com a cabeça nas nuvens, como se dizia antigamente, antes de andarmos todos realmente com a cabeça entre as nuvens - costumam ver melhor o que está para vir. Quanto mais alto estivermos, mais longe vemos.

em A vida no céu de José Eduardo Agualusa, Quetzal, sétimo capítulo.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Mariza canta Fernando Pessoa: Do vale à montanha




Música de Mário Pacheco, poema de Fernando Pessoa

Viagem | A Vida no Céu de José Eduardo Agualusa

Viagem: todo o movimento de aproximação de uma pessoa a outra. Movimentos de fuga não são viagens.

A Vida no Céu de José Eduardo Agualusa, Quetzal, 2013

Spread those wings, fly free with swallows ... | Burn it blue



Burn it blue de Elliot Goldenthal | Banda sonora do filme Frida, interpretada por Caetano Veloso e Lila Downs.  Ver  poema

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Identidade

Identidade: não tem a ver com o lugar onde nascemos, pois no céu tudo  é movimento, e sim com os lugares por onde passamos. Identidade é o que a viagem faz de nós enquanto continua. Só os mortos, os que deixaram de viajar, possuem uma identidade bem definida.

em A Vida no Céu de José Eduardo Agualusa, Quetzal

terça-feira, 20 de maio de 2014

Outono de Joaquim Pessoa

Uma lâmina de ar
atravessando as portas. Um arco,
uma flecha cravada no outono. E a canção
que fala das pessoas. Do rosto e dos lábios das pessoas.
E um velho marinheiro, grave, rangendo o cachimbo como
uma amarra. À espera do mar. Esperando o silêncio.
É outono. Uma mulher de botas atravessa-me a tristeza
quando saio para a rua, molhado, como um pássaro.
Vêm de muito longe as minhas palavras, quem sabe se
da minha revolta última. Ou do teu nome que repito.
Hoje há soldados, elétricos. Uma parede
cumprimenta o sol. Procura-se viver.
Vive-se, de resto, em todas as ruas, nos bares e nos cinemas.
Há homens e mulheres que compram o jornal e amam-se
como se, de repente, não houvesse mais nada senão
a imperiosa ordem de (se amarem).
Há  em mim uma ternura desmedida pelas palavras.
Não há palavras que descrevam a loucura, o medo, os sentidos.
Não há um nome para a tua ausência. Há um muro
que os meus olhos derrubam. Um estranho vinho
que a minha boca recusa. É  outono.
A pouco e pouco despem-se as palavras.

em 125 poemas Antologia Poética, de Joaquim Pessoa, Litexa, 1982 (um dos meus primeiros livros de poesia.).

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Júlio Resende | Foi Deus



(...)
Foi Deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu as flores à primavera
Ai!, e deu-me esta voz a mim.

poema de Alberto Janes

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Quem me leva os meus fantasmas | Maria Bethânia



De que serve ter o mapa se o fim está traçado
De que serve a terra à vista se o barco está parado
De que serve ter a chave se a porta está aberta
Para que servem as palavras se a casa está deserta?

em Quem me leva os meus fantasmas Pedro Abrunhosa

O Estilo de Herberto Helder | Pedro Lamares



Do livro Passos em Volta de Herberto Helder

Epifania em A Vida no Céu

Epifania: um súbito e quase milagroso sentimento de compreensão de algo. Um relâmpago íntimo e silencioso, capaz de dividir a vida de uma em duas partes - atrás a escuridão, adiante uma luz reluzente.

em A Vida no Céu de José Eduardo Agualusa

sexta-feira, 9 de maio de 2014

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Cantar de Amigo de Messéder

Do meu amigo não sei
o nome nem o paradeiro
sei apenas como o vi
a olhar-me o tempo inteiro

Não lhe conheço a morada
só sei que olhava e olhava,
nos seus olhos como um rio
os meus olhos desaguavam.

Essa manhã não queria
lembrar-me as horas, o tempo.
Meu amigo caminhou
com seus cabelos ao vento,

As mãos eram brancas e longas
na fronte tinha uma estrela
e a sua maneira de olhar
dizia-me o nome dela.

O meu amigo não quis
levar-me naquele momento
apenas convidar-me
a adivinhar-lhe o intento.

Só quero do meu amigo
Olhá-lo de corpo inteiro.
Que venha de novo amanhã
à hora do sol primeiro.

em De que cor é o desejo de João Pedro Messéder

domingo, 27 de abril de 2014

The great gig in the sky | Pink Floyd




The Great gig in the sky, instrumental vocal da cantora Clare Terry. Do álbum Dark Side of the Moon, Pink Floyd, 1973

Eunice Muñoz e Pedro Lamares | Ruy Belo e Alberto Caeiro




quinta-feira, 24 de abril de 2014

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Eu sei que a vida tem pressa, eu sei, eu sei ... | Mariza



O tempo não para

Eu sei que a vida tem pressa
Que tudo aconteça sem que a gente peça
Eu sei, Eu sei
Que o tempo não para
O tempo é coisa rara
E a gente só repara quando ela já passou

Não sei, se andei depressa demais
Mas sei, que algum sorriso eu perdi
Vou pedir ao tempo
Que me dê mais tempo, para olhar para ti
De agora em diante, não serei distante
Eu vou estar aqui.

Cantei
Cantei a saudade
Da minha cidade
E até com vaidade

Cantei
Andei pelo mundo fora
E não via a hora
De voltar para ti

Não sei, se andei depressa demais
Mas sei, que algum sorriso eu perdi
Vou pedir ao tempo
Que me dê mais tempo, para olhar para ti
De agora em diante, não serei distante
Eu vou estar aqui.

Não sei, se andei depressa demais
Mas sei, que algum sorriso eu perdi
Vou pedir ao tempo
Que me dê mais tempo, para olhar para ti
De agora em diante, não serei distante
Eu vou estar aqui.

Música e letra de Miguel Gameiro

domingo, 20 de abril de 2014

Coincidência por Pedro Lamares

Especialmente para quem gosta de passar por aqui.



Poemas de Maria Teresa Horta, António Ramos Rosa, Sophia de Mello Breyner, Emanuel Félix, Mário Cesariny e Alberto Caeiro.

sábado, 19 de abril de 2014

Dias (quase) perfeitos!

Momentos ou instantes felizes, muitas vezes com a música como companhia. E não só, claro! De qualquer modo, inesquecíveis ...

Si por un instante Dios se olvidara de que soy una marioneta de trapo ...




LA MARIONETA de Gabriel Garcia Marquez

Si por un instante Dios se olvidara
de que soy una marioneta de trapo
y me regalara un trozo de vida,
posiblemente no diría todo lo que pienso,
pero en definitiva pensaría todo lo que digo.

Daría valor a las cosas, no por lo que valen,
sino por lo que significan.
Dormiría poco, soñaría más,
entiendo que por cada minuto que cerramos los ojos,
perdemos sesenta segundos de luz.

Andaría cuando los demás se detienen,
Despertaría cuando los demás duermen.
Escucharía cuando los demás hablan,
y cómo disfrutaría de un buen helado de chocolate.

Si Dios me obsequiara un trozo de vida,
Vestiría sencillo, me tiraría de bruces al sol,
dejando descubierto, no solamente mi cuerpo sino mi alma.
Dios mío, si yo tuviera un corazón,
escribiría mi odio sobre hielo,
y esperaría a que saliera el sol.

Pintaría con un sueño de Van Gogh
sobre las estrellas un poema de Benedetti,
y una canción de Serrat sería la serenata
que les ofrecería a la luna.

Regaría con lágrimas las rosas,
para sentir el dolor de sus espinas,
y el encarnado beso de sus pétalo...
Dios mío, si yo tuviera un trozo de vida...

No dejaría pasar un solo día
sin decirle a la gente que quiero, que la quiero.
Convencería a cada mujer u hombre de que son mis favoritos
y viviría enamorado del amor.

A los hombres les probaría cuán equivocados están,
al pensar que dejan de enamorarse cuando envejecen,
sin saber que envejecen cuando dejan de enamorarse.
A un niño le daría alas,
pero le dejaría que él solo aprendiese a volar.

A los viejos les enseñaría que la muerte
no llega con la vejez sino con el olvido.
Tantas cosas he aprendido de ustedes, los hombres
He aprendido que todo el mundo quiere vivir
en la cima de la montaña,
Sin saber que la verdadera felicidad está
en la forma de subir la escarpada.

He aprendido que cuando un recién nacido
aprieta con su pequeño puño,
por vez primera, el dedo de su padre,
lo tiene atrapado por siempre.

He aprendido que un hombre
sólo tiene derecho a mirar a otro hacia abajo,
cuando ha de ayudarle a levantarse.
Son tantas cosas las que he podido aprender de ustedes,
pero realmente de mucho no habrán de servir,
porque cuando me guarden dentro de esa maleta,
infelizmente me estaré muriendo.


domingo, 13 de abril de 2014

sexta-feira, 11 de abril de 2014

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Se te quiseres perder ... Vai sempre em frente! | José Luis Peixoto




Marraquexe de José Luís Peixoto, dito pelo próprio.

O caminho é simples
Avança pelos pensamentos do cego mais antigo da praça
Lá ao fundo
Continua  pela voz que se estende a partir da mesquita
Chegarás a um  muro branco onde está sempre sol

Aproveita esse descanso
Imagina um chá de menta
Não terás que esperar muito
Quando passar uma menina de lenço azul
Segue-a por três  ruas
Depois fecha os olhos e tenta distinguir o perfume do jasmim

Acredita na aragem
Ao chegares a porta estará aberta
Se te perguntarem quanto estás disposto a pagar
Começa por oferecer um sopro
A primeira oferta é sempre insuficiente
Por isso vão pedir-te o silêncio
Tu sabes que não lhes podes dar o silêncio
Eles também sabem.
Propõe-lhes uma palavra qualquer, pouco usada
Eles vão querer uma palavra única.

Não importa o tempo
Não importa o tempo

Pagarás com um gesto ou com uma nota de baixo valor
Depois do sorriso que estava guardado para a despedida
Se quiseres regressar só tens de fazer o caminho inverso

É simples:
perfume de jasmim,
menina de lenço azul
voz da mesquita
pensamentos do cego

Se te quiseres perder também é simples ... vai sempre em frente!

Nota: Por não ter encontrado a transcrição deste poema, ousei esta apresentação gráfica. Espero não ter "corrompido" o(s) seu(s) significado(s).

Seja o que for que sirva para iluminar ... | Pedro Abrunhosa



Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.

Ilumina-me de Pedro Abrunhosa

quarta-feira, 2 de abril de 2014

segunda-feira, 31 de março de 2014

Fotografia de Cidades | José Luis Peixoto

FOTOGRAFIA DE MADRID

Madrid regressará sempre. São precisos anos
para aprender aquilo que apenas acontece com
a distância de anos. É por isso que posso afirmar
que Madrid regressará sempre. Não sei que tipo
de entendimento encontrámos. Eu e Madrid não
nos conhecemos bem. Sabemos o essencial e
inventamos tudo o resto. Tanto a minha vida,
como a vida de Madrid, já tiveram muitas formas.
No entanto, quando nos encontramos, somos
sempre o mesmo nome. Avaliamo-nos por
cicatrizes e pequenas marcas de idade.
Não estabelecemos metas, estamos cansados.
Eu e Madrid só queremos uma cama, mas,
se não houver, contentamo-nos com o chão e,
se não houver, contentamo-nos com um abraço.

José Luis Peixoto

sábado, 29 de março de 2014

sexta-feira, 28 de março de 2014

Mário Laginha e Álvaro de Campos



Comunicado pelo Engenheiro Naval, Sr. Álvaro de Campos em estado  de inconsciência alcoólica.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Teatro: Bonecos de Santo Aleixo

O Teatro tem inúmeras formas de se representar. A VIDA também!



Autos da Criação por Bonecos de Santo Aleixo / CENDREV


segunda-feira, 24 de março de 2014

A todos vós que por aqui passam, ficam e voltam ...

A todos vós que vão passando por aqui, que ficam e que voltam, as minhas boas vindas! Espero que gostem desta ESTAÇÃO que é a minha.



Encontros e despedidas de Milton Nascimento

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

sexta-feira, 21 de março de 2014

Paixões: marionetas e poesia.

Las Tribulaciones de Virginia, dos Hermanos Oligor, teatro de objectos e autómatos. Não me lembro de ter visto, até hoje,  nada de semelhante ao que vi, naquela noite, na capela do Convento das Bernardas.

"Invulgar, delicado e mágico como uma caixa de música aberta e iluminada dentro de um quarto escuro ...".  FIMFA LX10

"… un día alguien que no conoces se fija en ti. Ese día te cambia la vida. Virginia se la cambió a Valentín.
Cuando empiezas algo crees que va a ser para siempre y a veces no es así. Un día la magia como viene se va… te desenamoras… " Hermanos Oligor 

No dia em que se comemora o dia mundial da marioneta e da poesia.


Este texto foi publicado, aqui, em maio de 2010,  em que Las tribulaciones de Virginia fez parte do Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas, também conhecido por FIMFA LX 2010.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Au printemps toute la Terre se changera ... | Jacques Brel

A

Au printemps

Au printemps au printemps
Et mon cœur et ton cœur
Sont repeints au vin blanc
Au printemps au printemps
Les amants vont prier
Notre-Dame du bon temps
Au printemps
Pour une fleur un sourire un serment
Pour l'ombre d'un regard en riant

Toutes les filles
Vous donneront leurs baisers
Puis tous leurs espoirs
Vois tous ces cœurs
Comme des artichauts
Qui s'effeuillent en battant
Pour s'offrir aux badauds
Vois tous ces cœurs
Comme de gentils mégots
Qui s'enflamment en riant
Pour les filles du métro

Au printemps au printemps
Et mon cœur et ton cœur
Sont repeints au vin blanc
Au printemps au printemps
Les amants vont prier
Notre-Dame du bon temps
Au printemps
Pour une fleur un sourire un serment
Pour l'ombre d'un regard en riant

Tout Paris
Se changera en baisers
Parfois même en grand soir
Vois tout Paris
Se change en pâturage
Pour troupeaux d'amoureux
Aux bergères peu sages
Vois tout Paris
Joue la fête au village
Pour bénir au soleil
Ces nouveaux mariages
Au printemps au printemps
Et mon cœur et ton cœur
Sont repeints au vin blanc

Au printemps au printemps
Les amants vont prier Notre-Dame du bon temps
Au printemps
Pour une fleur un sourire un serment
Pour l'ombre d'un regard en riant

Toute la Terre
Se changera ...

Jacques Brel

segunda-feira, 17 de março de 2014

Maria Bethânia

Cântico Negro de José Régio e Estranha Forma de Vida de Amália Rodrigues

Elis | Fascinação


quinta-feira, 13 de março de 2014

Cavalo à Solta | Mafalda Veiga



Cavalo à Solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Minha laranja amarga e doce
Minha espada
Poema feito de dois gomos
Tudo ou nada
Por ti renego
Por ti aceito
Este corcel que não sossega
A desfilada no meu peito

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Minha alegria
Minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

poema de Ary dos Santos

Diogo Infante diz Ode Marítima (excerto)

quarta-feira, 12 de março de 2014

segunda-feira, 10 de março de 2014

Catorze de Junho dito por José Saramago



Catorze de Junho

Cerremos esta porta.
Devagar, devagar, as roupas caiam
Como de si mesmos se despiam deuses,
E nós o somos, por tão humanos sermos.
É quanto nos foi dado: nada.
Não digamos palavras, suspiremos apenas
Porque o tempo nos olha.
Alguém terá criado antes de ti o sol,
E a lua, e o cometa, o negro espaço,
As estrelas infinitas.
Se juntos, que faremos?
O mundo seja,
Como um barco no mar, ou pão na mesa,
Ou rumoroso leito. Não se afastou o tempo.
Assiste e quer.
É já pergunta o seu olhar agudo
À primeira palavra que dizemos:
Tudo.

em Poesia Completa

domingo, 9 de março de 2014

sábado, 8 de março de 2014

Simone de Beauvoir e Fernanda Montenegro | Viver sem tempos mortos




Texto baseado nas cartas trocadas entre Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Maria Gadú e Caetano Veloso | Shimbalaiê

E se há pessoas que me aquecem o coração, o sol ilumina-me a alma.




Shimbalaiê de Maria Gadú

Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar

Natureza deusa do viver
A beleza pura do nascer
Uma flor brilhando à luz do sol
Pescador entre o mar e o anzol

Pensamento tão livre quanto o céu
Imagino um barco de papel
Indo embora pra não mais voltar
Tendo como guia Iemanjá

Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar

Quanto tempo leva pra aprender
Que uma flor tem vida ao nascer
Essa flor brilhando à luz do sol
Pescador entre o mar e o anzol

Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar

Ser capitã desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira

Me encantar com um livro
Que fale sobre vaidade
Quando mentir for preciso
Poder falar a verdade

Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar

Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar

quarta-feira, 5 de março de 2014

O que me aqueceu e aconchegou neste inverno

O tempo e a música foram os temas privilegiados desta estação chuvosa e fria. Um tempo dado à reflexão dos últimos invernos.  Sem conclusões!

E é neste tempo que eu me aqueço, aconchego e adormeço. Tranquilamente!



Here comes the sun, George Harrison, 1969

segunda-feira, 3 de março de 2014

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Le temps qui reste | Serge Reggiani



Le temps qui reste

(...)

Combien de temps ...
Combien de temps encore?
Des années, des jours, des heures, combien ?
Je m'en fous mon amour...
Quand l'orchestre s'arrêtera, je danserai encore...
Quand les avions ne voleront plus, je volerai tout seul...
Quand le temps s'arrêtera..
Je t'aimerai encore
Je ne sais pas où, je ne sais pas comment...
Mais je t'aimerai encore...
D'accord ?

poéme de Jean Loup Dabadie

Tempo, tempo, tempo, compositor de destinos | Maria Bethânia



Morro ontem, nasço amanhã, ando onde há espaço. O meu tempo é quando ...

Oração ao Tempo de Caetano Veloso, 1979

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

domingo, 16 de fevereiro de 2014

L' Aigle Noir | Patricia Kaas




L'Aigle Noir

Un beau jour, ou peut-être une nuit,
Près d'un lac je m'étais endormie,
Quand soudain, semblant crever le ciel,
 Et venant de nulle part,
Surgit un aigle noir,

Lentement, les ailes déployées,
Lentement, je le vis tournoyer,
Près de moi, dans un bruissement d'ailes,
Comme tombé du ciel,
L'oiseau vint se poser

Il avait les yeux couleur rubis,
Et des plumes couleur de la nuit,
A son front brillant de mille feux,
L'oiseau roi couronné,
Portait un diamant bleu,

De son bec il a touché ma joue,
Dans ma main il a glissé son cou,
C'est alors que je l'ai reconnu,
Surgissant du passé,
Il m'était revenu,

Dis l'oiseau, ô dis, emmène-moi,
Retournons au pays d'autrefois,
Comme avant, dans mes rêves d'enfant,
Pour cueillir en tremblant,
Des étoiles, des étoiles,

Comme avant, dans mes rêves d' enfant
Comme avant, sur un nuage blanc,
Comme avant, allumer le soleil,
Etre faiseur de pluie,
Et faire des merveilles,

L'aigle noir dans un bruissement d'ailes,
Prit son vol pour regagner le ciel,

Quatre plumes couleur de la nuit
Une larme ou peut-être un rubis
J'avais froid, il ne me restait rien
L'oiseau m'avait laissée
Seule avec mon chagrin

Un beau jour, ou peut-être une nuit,
Près d'un lac, je m'étais endormie,
Quand soudain, semblant crever le ciel,
Et venant de nulle part,
Surgit un aigle noir,

Un beau jour, une nuit,
Près d'un lac, endormie,
Quand soudain,
Il venait de nulle part,
Il surgit, l'aigle noir..

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Metade por Pedro Lamares



Metade de Osvaldo Montenegro

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Inquietação, Inquietação ...



Há sempre alguma coisa que está para acontecer.

poema de José Mário Branco

Amada Rádio | Fernando Alves

poema de Fernando Alves

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

BY THE POWER OF GRAYSKULL !!!



Interpretado por Nena, Os Azeitonas, em Nos desenhos animados. 

A minha vida não dá um filme mas, se fosse o caso, eu escolheria, sem dúvida, um filme de desenhos animados. Por todos os motivos ... 


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Um balanço é mesmo balançar, balançar até dar balanço ...

Em jeito de balanço, aqui fica, para vós que, por aqui passam, e param nesta estação, onde eu partilho sentimentos, paixões, música, poesia, ...  Balançar!!


São sempre muito bem vindos em As Estações do Ano, há quatro anos nestas paragens (http://hivert.blogspot.pt).
Desfrutem ... se for caso disso, claro!

Sara Oliveira

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Dizer que sim à vida por Luanda Cozetti | Ary dos Santos



Dizer que sim à vida
Dizer que não à morte
Dizer na despedida
Que o tempo é o mais forte
Dizer que sim à vida
Dizer que não à morte
Jogar na despedida
A carta que é a sorte
Dizer a toda a gente
Que o amor de repente
Entrou no nosso jogo
Dizer a toda a gente
Que o nosso corpo é quente
A nossa boca ardente
E a nossa alma fogo...
E se não for verdade
Tudo o que nós dizemos
Tudo o que nós sentimos
Também não é saudade
Dizer que sim à vida de Ary dos Santos

Cada história é um retalho cortado no coração ... | Ary dos Santos


Retalhos por Luanda Cozetti

Serras, veredas, atalhos,
Estradas e fragas de vento,
Onde se encontram retalhos
De vidas em sofrimento

Retalhos fundos no rostos,
Mãos duras e retalhadas
Pelo suor do desgosto,
que talha as caras fechadas

O caminho que seguiste,
Entre gente pobre e rude,
Muitas vezes tu abriste
Uma rosa de saúde

Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão

As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São a água que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste

E depois de tanto mundo,
Retalhado de verdade,
Também tu chegaste ao fundo
Da doença da cidade

Da que não vem na sebenta,
Daquela que não se ensina,
Da pobreza que afugenta
Os barões da medicina

Tu sabes quanto fizeste,
A miséria não se cura,
Nem mesmo quando lhe deste
A receita da ternura

Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão

As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São a água que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste

Retalhos de Ary dos Santos

domingo, 19 de janeiro de 2014

Coração recente | Eugénio de Andrade

Eras tu? Era o dia
acabado de nascer?

Que rosa abria? Rosa
ou ardor? Não seria

só desejo de ser
um travo de alegria

um fulgor? Um fluir?
Eras tu? Era o dia?

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

(In)quietude e (in)constância.




     De onde se veem as estrelas e a lua, s/d

   " Liberdade: condição de um ser não sujeito ao constrangimento de limites físicos ou de pensamento. A possibilidade de correr sem tropeçar em muros ou paredes, ou sem cair no vazio. O destino de todos os perfumes, em particular do cheiro de terra molhada".

em A Vida no Céu de José Eduardo Agualusa (brevíssimo dicionário filosófico do mundo flutuante para uso de nefelibatas amadores.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Enquanto não há amanhã, ilumina-me | Pedro Abrunhosa



Coliseu do Porto, 2011

A Vida no Céu | José Eduardo Agualusa

 A Vida no Céu, um romance para jovens e outros sonhadores de José Eduardo Agualusa, no qual se inclui um brevíssimo dicionário do mundo flutuante para uso de nefelibatas amadores.


"Os meus olhos viajam mais do que as minhas pernas. O meu pensamento mais do que os meus olhos. Sentei-me no convés, contemplando o laborioso espetáculo do vento esculpindo nuvens, criando, a cada instante, novas figuras.
Aquilo sempre me fascinou. Os papagaios voavam entre os dois balões, gritando uns com os outros na sua língua misteriosa. Enquanto observava as nuvens, ia listando os mistérios com que, nas últimas semanas, o destino me brindara."

Céu: todo o território onde a vida é mais leve do que o ar. (...) O lugar para onde ascendem os sonhos.

Viagem: todo o movimento de uma aproximação a outra. Movimentos de fuga não são viagens.

Magia: chama-se magia à forma como o sonho interfere com a realidade, modificando-a. O céu foi sempre um território propenso à magia. (...)

Luz: o que fica dos sonhos depois que nos atravessam.





Liberdade: condição de um ser não sujeito ao constrangimento de limites físicos ou de pensamento. A possibilidade de correr sem tropeçar em muros ou paredes, ou sem cair no vazio. O destino de todos os perfumes, em particular do cheiro de terra molhada.

A Vida no Céu editado pela Quetzal, 2013

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

E por vezes as noites duram meses | David Mourão Ferreira

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos. E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.

David Mourão Ferreira

René Magritte | The Lovers


    About his paintings Magritte wrote “they evoke mystery and, indeed, when one sees one of my pictures, one asks oneself this simple question, ‘What does it mean?’ It does not mean anything, because mystery means nothing either, it is unknowable.”

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Nunca são as coisas mais simples que aparecem ...

Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples, 
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.

Nuno Júdice