sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2011: A winter's tale

E assim termino o ano de 2011, desejando a todos os que passam e param em As estações do ano, um FELIZ ANO NOVO.




"So quiet and peaceful
Tranquil and blissful
There's a kind of magic in the air
What a truly magnificent view
A breathtaking scene
With the dreams of the world
In the palm of your hand"

A winter's tale de Queen

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sopra demais o vento para eu poder descansar ...

Sopra demais o vento | Camané


Sopra demais o vento
Para eu poder descansar ...
Há no meu pensamento
Qualquer coisa que vai parar

Talvez esta coisa da alma
Que acha real a vida
Talvez esta coisa calma
Que me faz a alma vivida ...

Sopra um vento excessivo
Tenho medo de pensar ...
O meu mistério eu avivo
Se me perco a meditar

Vento que passa e esquece
Poeira que se ergue e cai ...
Ai de mim se eu pudesse
Saber o que em mim vai ...

Poema de Fernando Pessoa e música de José Joaquim Carvalho Júnior.

2011: de Portugal para o mundo, o FADO!

domingo, 25 de dezembro de 2011

A Estrela | Noite de Natal de Sophia.

Quando se viu sozinha no meio da rua teve vontade de voltar para trás. As árvores pareciam enormes e os seus ramos sem folhas enchiam o céu de desenhos iguais a pássaros fantásticos. E a rua parecia viva. Estava tudo deserto. Àquela hora não passava ninguém.
"Tenho medo", pensou ela. Mas resolveu caminhar para a frente sem olhar para nada.
Quando chegou ao fim da rua virou à direita e meteu a um atalho entre dois muros. E no fim do atalho encontrou os campos, planos e desertos. Ali sem muros nem árvores nem casas, a noite via-se melhor. Uma noite altíssima redonda e toda brilhante. O silêncio era tão forte que parecia cantar. Muito ao longe via-se a massa escura dos pinhais.
"Será possível que eu chegue até lá?", pensou Joana. Mas continuou a caminhar.
"Tenho frio", pensou Joana. Mas continuou a caminhar.
Joana parou um instante no meio dos campos.
"Para que lado ficará a cabana?", pensou ela.
E olhava em todas as direções à procura de um rasto.
"Como é que eu hei de encontrar o caminho?", perguntava ela.
E levantou a cabeça.
Então viu que no céu, lentamente, uma estrela caminhava. Esta estrela parece um amigo", pensou ela.
E começou a seguir a estrela."

A Noite de Natal de Sophia de Mello Breyner Andersen (excertos)

sábado, 24 de dezembro de 2011

O meu menino é d' oiro | Cristina Branco



Menino d'oiro de José Afonso.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O que nos conforta e aquece ...

O que nos conforta e aquece neste inverno? Só o saberemos quando acabar. Por isso fiquemo-nos com o Natal e com duas chávenas de café ... quente!

Belíssimo, o desenho de Ruth Rosengarten. Em Tempus Fugit.

domingo, 18 de dezembro de 2011

A todos um bom Natal em SPC.

A todos os que passam e param nestas estações, por acaso ou não, eu desejo um FELIZ NATAL ...




Centro de Recursos Tic para a Educação Especial - Cinfães  
SPC: símbolos para a comunicação.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

1961: Stand by me por John Lennon



Stand by Me começou por ser interpretada, em 1961, por Ben E. King. Baseada no espiritual "Oh Lord, stand by me" foi escrita por King, Jerry Leiber e Mike Soller. Entre muitos intérpretes escolhi John Lennon. E com esta música dou por terminado o tema 1961.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ary dos Santos | Canção de madrugar

Ary dos Santos nasceu no dia 7 de dezembro de 1937. Como a  poesia é um dos meus aconchegos, aqui fica uma pequena homenagem a este grande poeta e declamador.



Canção de madrugar

De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.

Sei dos teus olhos acesos na noite
- sinais de bem despertar -
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar.

Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.

Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei, dei ...

Dei do meu corpo um chicote de força
Rasei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa

Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas alarguei cidades
E construí poetas

E nunca, nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis, quis ...


Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Então:
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem guerras
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem mal ... ... ...

Ary dos Santos, Canção de madrugrar  por Susana Félix. Neste blogue, Ary dos Santos aqui e aqui.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O que nos aconhegou e aqueceu, neste outono?

FADO: Património Imaterial da Humanidade. Foi este o acontecimento que, no final do outono, aconchegou e aqueceu a alma de muita gente, incluindo a minha.

A música, para mim, é sempre um aconchego.


Ó gente da minha terra

É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra

Sempre que se ouve o gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi

E pareceria ternura
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi

Ó gente da minha terra, poema de Amália Rodrigues. A música integra o álbum de Mariza Fado em Mim, e foi o primeiro single da intérprete, musicada por Tiago Machado.

Os "meus" blogues.

É com muito prazer que saúdo a Catarina, a Laura e a Joana, editoras dos blogues O meu mundo, As faces do coração, Don' t worry, be happy!, respetivamente.

Os blogues da Catarina e da Laura contam-nos histórias de adolescentes  (amores e desamores, alegrias e tristezas, conflitos  ...), numa linguagem, também ela muito próxima desta faixa etária. Don't worry, be happy! de que eu, aqui, em As estações do ano, já tinha feito referência, é um blogue generalista, debruçando-se sobre temáticas variadas que refletem o gosto e o interesse da sua editora. A visitar!

Atrevo-me, aqui, a publicar um texto da autoria da Catarina. Trata-se de uma proposta de continuidade da Mensagem de Fernando Pessoa, da Colecção Clássicos Portugueses Contados a Crianças, editado pelo semanário SOL.














"Com os meus olhos vejo um mundo diferente…
Será que vocês veem o mesmo?
Olho pela janela e observo imensa coisa: vejo bondade na cara de algumas pessoas vejo maldade na cara de outras, mas também vejo que o nosso mundo não tem só coisas más. Tem tanta coisa boa! Portugal principalmente! É uma coisa boa… Quem o governa é que não… Era tão bom que se fosse eu a governar. Seria diferente. Daria a paz a todas as pessoas.
Há pessoas que dizem que antigamente é que era bom! Mas não sei se era tão bom como dizem.
Temos heróis, sim senhora, mas também temos os heróis do mal… Os heróis do bem são aqueles que lutaram pelos seus sonhos e tornaram o nosso mundo melhor. Os do mal, nem heróis se deveriam chamar. Fazem com que Portugal se torne tão “pequeno”, quando, outrora, foi tão “grande”, com os nossos descobrimentos e graças, também, àqueles que lutaram para defender a nossa Pátria. Esses, sim! São verdadeiros heróis que nunca devem ser esquecidos e que todos os portugueses deveriam ter orgulho. Hoje em dia raramente se ouve falar neles. Infelizmente!
Eu queria ser uma heroína. Adoraria salvar o país! Claro que estou a ser um pouco convencida! Mas é um desejo. E um desejo para se concretizar, deve-se lutar por ele. Certo?!
Portugal, Portugal… O que nós podemos fazer por ti? Boa pergunta! O que poderemos fazer para te ajudar a encontrar o caminho?
Não acham que tenho razão? Se todos nós lutássemos como, um dia, o fez D. Afonso Henriques e muitos outros que construíram Portugal e foram mais além.
Sim! Porque a vida é uma luta! Sempre me disseram isso. Para os nossos sonhos alcançar, devemos lutar! E tem razão Fernando Pessoa ao dizer: “Ó Portugal, hoje és nevoeiro…”
Um nevoeiro muito intenso... parece que não tem fim! Não consigo ver nada! Ouço uma voz que me grita: "Então, e os TEUS sonhos, os TEUS desejos?!" Intrigada perguntei "Quem és tu?!", mas ninguém respondeu ...
Veio-me à lembrança Fernão de Magalhães e a frase de Fernando Pessoa que diz que ele “abraçou a Terra”.
E atrevo-me, eu, a dizer: “Tenhamos esperança nos nossos sonhos, lutemos por eles … Abracemos, nós, Portugal e o Mundo!”

Texto de Catarina Dias, editora do blogue "O meu mundo".

domingo, 4 de dezembro de 2011

1961: Amnistia Internacional

altEm 1961, um advogado Inglês, Peter Benenson lançou uma campanha mundial (“Apelo para Amnistia 1961”) com a publicação de um artigo proeminente “Os Prisioneiros Esquecidos” no Jornal “The Observer”. A notícia da detenção de dois estudantes portugueses que elevaram os seus copos para brindar em público à liberdade, levou Benenson a escrever este artigo. O seu apelo foi publicado em muitos outros jornais pelo mundo fora tornando-se assim na génese da Amnistia Internacional.

A primeira reunião internacional teve lugar em Julho de 1961, com delegados da Bélgica, do Reino Unido, França, Alemanha, Irlanda, Suíça e dos EUA. Decidiram estabelecer “um movimento permanente em defesa da liberdade de opinião e de religião ".

1961: West Side Story



Realização de Robert Wise e Jerome Robbins, com Natalie Wood e Rita Moreno. Música de Leonard Bernstein.

1961: Renault 4L

A Renault 4L comemora 50 anos de vida. São máquinas de guerra. O lema português era que a 4L ia onde não iam os jipes! Na imagem a 4L da mítica dupla Claud e Bernard Marreaud, terceiro lugar no Dakar 1980.



Renault 4 Sinpar (the four-wheel drive version)

O seu primeiro motor tinha quatro cilindros, caixa de três velocidades em linha e 603 cm3. A potência de 20 cv ás 4.700 rpm permitia velocidade máxima de 95 km/h e um consumo médio de 15 km/l. O capô abria-se de trás para a frente e a suspensão era independente nas quatro rodas, com barras de torção em ambos os eixos. E tinha uma grande primazia: o primeiro sistema de refrigeração selado do mundo, que evitava a perda e consequente reposição do liquido de refrigeração. Uma peculiaridade do novo Renault 4L era a distância entre eixos maior no lado direito, 2,45 contra 2,40 metros, uma imposição do tipo de suspensão traseira.

sábado, 3 de dezembro de 2011

O amigo I A noite de Natal de Sophia


















Ilustração de Júlio Resende



Era uma vez uma casa pintada de amarelo com um jardim à volta. No jardim havia tílias, bétulas, um cedro muito grande, uma cerejeira e dois plátanos. Era debaixo do cedro que Joana brincava. Com musgo  e ervas e paus fazia muitas casas pequenas encostadas ao grande tronco escuro. Depois imaginava os anõezinhos que, se existissem, poderiam morar naquelas casas. E fazia uma casa maior e mais complicada para o rei dos anões.
Joana não tinha irmãos e brincava sozinha. Mas de vez em quando vinham brincar os dois primos ou outros meninos. E, às vezes, ela ia a uma festa. (...)
E Joana tinha muita pena de não saber brincar com os outros meninos. Só sabia estar sozinha.
Mas um dia encontrou um amigo. Foi numa de manhã de outubro.
Joana estava encarrapitada no muro. E passou pela rua um garoto. Estava todo vestido de remendos e os seus olhos brilhavam como duas estrelas. Caminhava devagar pela beira do passeio sorrindo às folhas do Outono. O coração da Joana deu um pulo na garganta.
- Ah! - disse ela.
E pensou:
«Parece um amigo. É exatamente igual a um amigo.» E do alto do muro chamou-o:
- Bom dia!
O garoto voltou a cabeça, sorriu e respondeu:
- Bom dia!
O garoto voltou a cabeça, sorriu e respondeu:
- Bom dia!
Ficaram os dois um momento calados. Depois Joana perguntou:
- Como é que te chamas?
- Manuel - respondeu o garoto.
- Eu chamo-me Joana.
E de novo entre os dois, leve e aéreo, passou um silêncio. (...)

A noite de Natal de Sophia de Mello Breyner Andresen (excerto)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

If you just believe ...



Believe in what your heart is saying,
Hear the melody that's playing.
There's no time to waste,
There so much to celebrate.
Believe in what you feel inside,
Give your dreams the wings to fly.
You have everything you need, if you just believe.

Believe, letra e música de Glenn Ballard e  Alan Silvestri. Interpretada por Josh Groban. Banda sonora do filme Polar Express de Robert Zemeckis, 2004.

A Estrela de Vergílio Ferreira

Um dia, à meia-noite, ele viu-a. Era a estrela mais gira do céu, muito viva, e a essa hora passava mesmo por cima da torre. Como é que a não tinham roubado? Ele próprio, Pedro, que era um miúdo, se a quisesse empalmar, era só deitar-lhe a mão. Na realidade, não sabia bem para quê. Era bonita, no céu preto, gostava de a ter. Talvez depois a pusesse no quarto, talvez a trouxesse ao peito. E daí, se calhar, talvez, a viesse dar à mãe para enfeitar o cabelo. Devia-lhe ficar bem, no cabelo.
De modo que, nessa noite, não aguentou. Meteu-se na cama, como todos os dias, a mãe levou a luz, mas ele não dormia. Foi difícil, porque o sono tinha muita força. Teve mesmo de se sentar na cama, sacudir a cabeça muitas vezes a dizer-lhe que não. E quando calculou que o pai e a mãe já dormiam, abriu a janela devagar e saltou para a rua. A janela era baixa. Mas mesmo que não fosse.Com sete anos, ele estava treinado a subir às oliveiras, quando era o tempo dos ninhos ...
(...)
Pedro segurou-se no varão e viu que tinha ainda de subir até se pôr mesmo em cima do galo. Subiu devagar, que aquilo tremia muito, e empoleirou-se por fim nos ferros cruzados dos quatro ventos. Enroscando as pernas no varão, tinha agora os braços livres. E, então, ergueu a mão devagar. Os ferros balançavam, mas ele nem olhava lá para baixo. Fez força ainda nas pernas, apoiou-se na mão esquerda, e com a outra, despegou a estrela. Não estava muito pregada e saiu logo. Entalou-a então no cordel das calças ...

A Estrela de Vergílio Ferreira (excerto)

domingo, 27 de novembro de 2011

Outono: Primavera.

Para todos vós que passam por aqui, por acaso ou não ...



Única canção cantada em português do novo álbum dos Gift Explode: Primavera. Lindíssima!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

1961: Felizmente há luar

1961, corresponde à época da escrita da obra, época de contestações a nível interno. Este clima é fruto de uma situação política, económica e social de desagrado geral. Vivia-se sob o regime ditatorial de Salazar e a desigualdade entre classes era cada vez maior. O povo vivia reprimido e explorado, abundava a miséria, o medo e o analfabetismo. Vivia-se no obscurantismo. A censura cortava tudo o que era contra o governo e existiam severas medidas de repressão e de tortura. Sttau Monteiro evoca situações e personagens do passado para falar do presente, para poder crititicar a sociedade do seu tempo. Sempre atual!



Publicada em 1961, foi aclamada pela crítica e levou o autor a consagrar-se como dramaturgo ao receber o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores.

Em 1962, o autor tentou encenar a peça no Teatro Experimental do Porto, mas não teve sucesso junto das autoridades. A sua primeira encenação aconteceu em Paris, em 1969, e só em 1978 foi a palco em Portugal, no Teatro Nacional. Em 2001, a peça foi encenada pela primeira vez no Teatro Experimental do Porto, uma vez que a primeira tentativa falhou.

1961: Hit the road Jack | Ray Charles



Hit the road Jack, Ray Charles

1961: Teatro do absurdo

Em 1961, o crítico Martin Esslin criou o conceito Teatro do Absurdo para designar um tipo de textos dramáticos que um grupo de dramaturgos produziram, após a II Guerra Mundial. Desvinculados do realismo e da verossimilhança, dramaturgos como o irlandês Samuel Beckett (1906-1989), o romeno Eugène Ionesco (1909-1949) e o francês Jean Genet (1910-1986) tentaram mostrar nos seus textos o fracasso da razão e do diálogo numa sociedade marcada pela falta da esperança na humanidade. As inovações e as problemáticas trazidas por estes escritores tiveram impacto decisivo na cena contemporânea.







La Cantatrice Chauve de Ionésco.
Pode ler aqui excertos deste texto, que exemplificam bem o que é o teatro do absurdo. Sempre atual, por inúmeras razões.

Fado, destino, sorte ...

ESTRANHA FORMA DE VIDA

Foi por vontade de Deus
Que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda minha a saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
Tem este meu coração:
Vive de vida perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
Coração que não comando:
Vives perdido entre a gente,
Teimosamente sangrando,
Coração independente.

Eu não te acompanho mais:
Pára, deixa de bater.
Se não sabes onde vais
Porque teimas em correr
Eu não te acompanho mais

Se não sabes onde vais
Pára, deixa de bater.
Eu não te acompanho mais.




Letra de Amália Rodrigues e música de Alfredo Marceneiro

domingo, 20 de novembro de 2011

No sé distinguir lo complicado de lo simple.

Ontem, tivemos todos oportunidade de (re)ver este belíssimo filme (RTP 2) e eu a desculpa de colocar, mais uma vez,  um excerto de "El secreto de sus ojos", agora com a banda sonora dos Heroes del silencio, Chispa adecuada, que nada tem a ver com o filme, mas como gosto de ambos...


El secreto de sus ojos de Juan José Campanella, vencedor do óscar de melhor filme estrangeiro, 2010.

"...el tipo pude cambiar de todo: de cara, de casa, de familia, de Dios…, pero hay una cosa que no pude cambiar; no puede cambiar de pasión”.   El secreto de sus ojos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Abissalmente diferentes, porém tão próximos ...

... no essencial*. Esta publicação é dedicada especialmente à Ana ... e a todos os meus amigos de quem eu sou abissalmente diferente.

*A essência de uma coisa é o seu ser verdadeiro e profundo (por oposição às aparências). Uma propriedade de um objecto é essencial quando sem ela esse objecto não poderia existir.  em Lexicon















Espiral celeste: foto da autoria da Ana

LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

 E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

terça-feira, 15 de novembro de 2011

1961: Crazy por Patsy Cline. Intemporal!



Crazy de Willie Nelson foi editada em 1961 e interpretada por Patsy Cline.

1961: Kennedy é eleito Presidente dos E.U.A.

"Ask not what your country can do for you. Ask what you can do for your country." JFK

"I believe that this nation should commit itself to achieving the goal, before this decade is out, of landing a man on the Moon and returning him safely to Earth," he said.



Kennedy tomou posse a 20 de janeiro de 1961, sucedendo a Eisenhower. Foi o 35º Presidente dos E.U.A. JFK foi assassinado a tiro, no dia 22 de novembro de 1963, em Dallas, Texas.

Um dos discurso do presidente:


"Let every nation know... that we shall pay any price, bear any burden, meet any hardship, support any friend, oppose any foe, to assure the survival and the success of liberty." JFK

1961: Astérix, o Gaulês.



A 29 de Outubro de 1959 aparece pela primeira vez "Astérix, o Gaulês", personagem de banda desenhada criada pelo argumentista René Goscinny e pelo escritor e desenhador Albert Uderzo. As histórias começaram por ser publicadas na revista francesa "Pilote". O primeiro livro só viria a ser editado em 1961.

Voá borboleta | Sara Tavares




Voá borboleta, abri bôs asas e voá

Bem trazêm quel morabeza
Quand m'oiábô
Bô ca têm ninhum tristeza
Mesmo si bô ta morrê manhã
Dor ca ta existi pa quem voá

Borboleta, borboleta
Abri bôs asas e voá, mesmo se vida bai amanhã
Borboleta...
Se um prende vivê ess vida
Cada dia voá

É um mensagem pa tude gente
Qui tá sobrevivê, tude alguêm sim força pá voá pa vivê
Lá na mei de escuridão,
No podê encontra razão
Só no credita
No podê voá

Borboleta, borboleta
Abri bôs asas e voá
Mesmo se vida bai amanhã
Borboleta
No podê vivê nos vida
Cada dia voá´

Sara Tavares

Estranhões & Bizarrocos | Pó dos livros

 Comprei, pela segunda vez, Estranhões & Bizarrocos (estórias para adormecer anjos) de José Eduardo Agualusa, com ilustrações de Henrique Cayatte, D. Quixote, 2ª edição, nov. 2007.


Geralmente não me esqueço dos sítios onde compro os livros, porque passo "lá" imenso tempo. Livraria Pó dos livros a visitar no seu espaço físico e na blogosfera. Valem a pena os dois!


Numa mesa grande alguns livros destacavam-se. Indecisa entre um romance de Somerset Maugham e Dublinesca de Enrique Vila-Matas, lembrei-me que andava a sentir a falta deste livro de contos. Perguntei se tinham. Não! Foi a primeira resposta. Foram verificar. Afinal havia um! Respirei de alívio.

Estranhões & Bizarrocos é um livro que nos conta dez histórias: Estranhões, Bizarrocos e outros seres sem exemplo; Sábios como camelos; A menina do peluche; O peixinho que descobriu o mar; O primeiro pirilampo do mundo; O País dos Contrários; O caçador de borboletas; O pai que se tornou mãe; O sonhador e A menina que queria ser maçã.

Na contracapa lê-se, "Neste livro de José Eduardo Agualusa e Henrique Cayatte cabem os prodígios todos que cabem nos sonhos de crianças. São histórias para adormecer anjos."

Ilustração: Henrique Cayatte

E como eu gosto dos finais das histórias:

"Vladimir regressou a casa alegre como um pássaro. O pai quis saber se ele tinha feito uma boa caçada. O menino mostrou-lhe com orgulho o frasco vazio:
 - Muito boa. - disse. - Estás a ver? Deixei fugir a borboleta mais bela do mundo."

em O caçador de borboletas

nota: neste blogue podem encontrar excertos dos contos O caçador de borboletas, O pai que se tornou mãe e O sonhador   Sigam os links / ligações!

domingo, 13 de novembro de 2011

Alfonsina y el mar | Cristina Branco




Por la blanda arena que lame el mar
Su pequeña huella no vuelve mas,
Un sendero solo de pena y silencio llego
Hasta el agua profunda,
Un sendero solo de penas mudas llego
Hasta la espuma.

Sabe dios que angustia te acompaño
Que dolores viejos callo tu voz
Para recostarte arrullada en el canto
De las caracolas marinas
La cancion que canta en el fondo oscuro del mar
La caracola.

Te vas alfonsina con tu soledad
Que poemas nuevos fuiste a buscar ...?
Una voz antigua de viento y de sal
Te requiebra el alma y la esta llevando
Y te vas hacia alla como en sueños,
Dormida, alfonsina, vestida de mar ...

Cinco sirenitas te llevaran
Por caminos de algas y de coral
Y fosforecentes caballos marinos haran
Una ronda a tu lado
Y los habitantes del agua van a jugar
Pronto a tu lado.

Bajame la lampara un poco mas
Dejame que duerma nodriza en paz
Y si llama el no le digas que estoy
Dile que alfonsina no vuelve ...
Y si llama el no le digas nunca que estoy,
Di que me he ido ...

Te vas alfonsina con tu soledad
Que poemas nuevos fuiste a buscar ...?
Una voz antigua de viento y de sal
Te requiebra el alma y la esta llevando
Y te vas hacia alla como en sueños,
Dormida, alfonsina, vestida de mar ...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

El secreto de sus ojos.



El secreto de sus ojos, de Juan José Campanella, 2009. Óscar de melhor filme estrangeiro.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sentado à tua mesa

"A alguém que temperou e condimentou com o seu sorriso e o seu olhar de maresia o meu almoço solitário ..." Lê-se como dedicatória.

Este livro de poesia anda sempre perdido e eu sempre à sua procura. Talvez por ser pequeno e praticamente não ter lombada. Vou deixá-lo por aqui, assim não corre o risco de desaparecer no meio dos outros.

Lembrei-me dele porque não consigo dissociá-lo de Modigliani. Conheci os dois na mesma altura. O livro foi-me oferecido, o quadro (réplica) estava pendurado na parede da sala: uma figura feminina desenhada de uma forma estranha chamou a atenção dos meus olhos. Inesquecível! Amor à primeira vista.

O almoço também estava bom. Fugiu à rotina dos almoços na cantina velha.

Este livro está comigo há muitos anos, é sobre a ternura. As páginas não estão soltas, mas já estão amarelecidas.  Os poemas são muito bonitos. Podem ler aqui, o poema Ternura, do mesmo autor.

Edição dos próprios autores, Carlos Paiva e Manuel José de Sá Correia; capa e arranjo gráfico de Alberto Lopes; 1ª edição 1980.


Construção

Sobre os teus cabelos
ponho a minha boca
e no teu corpo doce de ansiedade
solto os cavalos mais loucos
da minha poesia, as aves mais sedentas
da minha alegria;

e a pouco e pouco
ergo nas tuas linhas
a casa de que é feita
a nossa ternura.

Manuel José de Sá Correia


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ela sorriu, ele sorriu ...



Trocaram o primeiro olhar numa manhã de Verão,
quando a cidade se agitava em plena confusão.
Ela sorriu, ele sorriu e tudo foi tão natural
que eles não perderam mais tempo e arrancaram em direcção ao Sol.

Ah! quando a gente lá chegar
a coisa vai ter outra dimensão.

Treparam por degraus de espuma e mergulharam na luz.
Gotas de orvalho vieram brincar sobre os dois corpos nus.
O tempo parrou, a guerra acabou e o mundo era um grande jardim
onde se ouvia uma estranha sinfonia sem princípio nem fim.

Ah! quando a gente lá chegar
a coisa vai ter outra dimensão.

A pouco e pouco a terra voltou de novo a girar
e o tic-tac do relógio não tardou a soar.
Ela sorriu, ele sorriu e tudo foi tão natural
que eles nem disseram adeus quando a noite chegou para os separar.


Quando a gente lá chegar, Jorge Palma

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Modigliani: um amor à primeira vista.



Amedeo Modigliani (Livorno 1884 - Paris 1920). Conheçam o seu trabalho e, se gostarem, vejam o filme sobre a sua vida (trágica!).  Ainda me lembro do primeiro "modigliani" que vi - anos 80, anos de muitas paixões: arte, arte e arte.

Quando conoscerò la tua anima dipingerò i tuoi occhi: A.M.



Jeanne de Amedeo Modigliani

Modigliani e Jeanne



Modigliani, com Andy Garcia e Elza Zilberstein, realização Mick Davis, 2004

sábado, 5 de novembro de 2011

1961: Elis



Garoto último tipo do 1º álbum de Elis Regina Viva a brotolândia de 1961.

1961: Trópico de Câncer de Henry Miller

I have made a silent compact with myself not to change a line of what I write. I am not interested in perfecting my thoughts, nor my actions. Beside the perfection of Turgenev I put the perfection of Dostoievski. (Is there anything more perfect than The  Eternal Husband?) "Here, then, in one and the same medium, we have two kinds of perfection. But in Van Gogh's letters there is a perfection beyond either of these. It is the triumph of the individual over art. There is only one thing which interests me vitally now, and that is the recording of all that which is omitted in books. Nobody, so far as I can see, is making use of those elements in the air which gives direction and motivation to our lives.  Tropic of Cancer de Henry Miller





Tropic of Cancer de Henry Miller foi publicado pela primeira vez em 1934. Ficou proibido nos Estados Unidos até 1961, ano em que foi novamente editado.

1961: Oscar winners.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Quem és tu de novo?



Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Quando o teu cheiro me leva às esquinas do vislumbre
E toda a verdade em ti é coisa incerta e tão vasta
Quem sou eu para negar que a tua presença me arrasta?
Quem és tu, na imensidão do deslumbre?

As redes são passageiras, as arquiteturas da fuga
De toda a água que corre, de todo o vento que passa
Quando uma teia se rasga ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho mais uma ruga

Quando o teto se escancara e se confunde com a lua
A apontar-me o caminho melhor do que qualquer estrela
Ninguém me faz duvidar que foste sempre a mais bela
Por favor, diz-me que és alguém, de novo?

Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Jorge Palma

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sem título | Bar Desporto | Almada Velha

                               desenho de Rui Fernandes, s/ título, Bar Desporto, Almada Velha, 1983



terça-feira, 1 de novembro de 2011

1961: Adriano Correia de Oliveira | Balada do estudante



Balada do estudante de Adriano Correia de Oliveira, 1961

1961: Muro de Berlim

O Muro de Berlim (Berliner Mauer em alemão) foi uma realidade e um símbolo da divisão da Alemanha em duas entidades estatais: a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA). Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: Berlim Ocidental (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos da América; e Berlim Oriental (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético. Começou a construir-se na madrugada de 13 de agosto de 1961 e dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.

O Muro de Berlim caiu no dia 9 de novembro de 1989, ato inicial da reunificação das duas Alemanhas, que formaram, finalmente, a República Federal da Alemanha, acabando também a divisão do mundo em dois blocos. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria.




Russians de Sting

1961: EUSÉBIO

Eusébio estreou-se no Estádio da Luz a 23 de Maio de 1961, num jogo amigável contra o Atlético em que marcou 3 dos quatro golos do Benfica.

Voa, voa Beija-flor ...

Terminei, neste ponto, a leitura do romance de Agualusa, Milagrário pessoal. O final é outro, já o tinha lido há mais tempo. É bom ler assim um livro, sem uma ordem aparente ...

"Beija-Flor ainda não sabe, mas vou oferecer-lhe uma viagem a Lisboa. Quero que te leve esta carta, quero que a entregue em tuas mãos, como numa antiga canção de roda dos meus tempos de menino:

Voa, voa Beija-flor
Leva esta carta ao meu amor.
Diz-lhe ao ouvido
palavras de ouro.
Diz que lhe deixo
A chave do tesouro."

em Milagrário pessoal de José Eduardo Agualusa, D. Quixote

domingo, 30 de outubro de 2011

1961: Elvis Presley | Can't help falling in love with you



Can't help falling in love with you de Elvis Presley, 1961

1961: O ano em que a ditadura tremeu.

"Em Janeiro de 1961, o capitão Henrique Galvão, à frente de um grupo de exilados políticos, desviava o paquete "Santa Maria". Em Fevereiro, estalava a insurreição angolana. Em Abril, o general Botelho Moniz, ministro da Defesa Nacional, via gorar-se a sua tentativa de golpe de estado palaciano. Em Agosto, o PAIGC proclamava a passagem à insurreição, na Guiné. No fim do ano, a Índia tomava o chamado Estado da Índia portuguesa. Dirigentes comunistas fogem da cadeia de Caxias, a Oposição Democrática desiste das "eleições" à boca das urnas. Em Dezembro, a PIDE assassina, numa rua de Lisboa, o pintor e escultor comunista José Dias Coelho. No mesmo mês, o general Humberto Delgado entra, clandestinamente, em Portugal; no dia seguinte, frustra-se o assalto ao quartel de Beja".  em  Galeria das artes



A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai

  Zeca Afonso A morte saíu à rua

sábado, 29 de outubro de 2011

1961: Diário de Sebastião da Gama

"Quando só há gaivotas e solidão, é que a Arrábida se revela, se entrega inteirinha. Horas ou léguas sem encontrar gente de gravata; horas  ou milhas a topar apenas, a par das gaivotas, os pescadores de polvos nos seus barquinhos pequenos ou pescadores de tresmalho nos saveiros ou nas canoas ou a malta da arte... Mas os pescadores são da paisagem, são os pormenores humanos, os pormenores trágicos, se a gente se não  limita a encantar os olhos da paisagem; e a solidão não é pela sua presença que será menos perfeita.

E que verde que é o mar em Outubro! E como tem outro som - um som só para nós, feito para nós ... "

Editado pela primeira vez em 1961. Diário de Sebastião da Gama, 6ª edição, Ática, Lisboa  (texto com supressões).

Lhasa de Sella: Rising



I got caught in a storm
And carried away
I got turned, turned around

Rising de Lhasa de Sella

Tantas são as coisas que não faremos nunca.

"O céu brilha azul e côncavo, sobre a minha cabeça. Há-de estar cheio de anjos sem asas, como os que vi, numa manhã sem outro milagre, há muitos anos, na cúpula da Capela Sistina. Sei disso porque daqui onde eu estou os sinto a respirar. Penso em todos os lugares que gostaria de visitar contigo. No que gostaria de fazer contigo - e não farei nunca:
Ler-te as ficções, de Borges.
Rir, enquanto nadássemos entre golfinhos, no mar sem maldade de Fernando Noronha.
Dormir no deserto.
Ensinar-te a flutuar no mar liso do Mussulo (ilhéu dos Padres).
Ensinar-te a dançar o tango.
Beijar os teus lábios depois de comermos juntos sorvete de pitanga.
Ver contigo Deus e o Diabo na Terra do Sol, do Glauber Rocha. Aliás ver contigo toda a filmografia de Glauber Rocha.
Desenhar, e depois construir, a casa perfeita.
Voar num balão sobre as montanhas da Huíla e o deserto do Namibe.
Passear de mãos dadas, no Parque Güell, em Barcelona.
Etc., etc., tantas são as coisas que não faremos nunca."

em Milagrário pessoal de José Eduardo Agualusa, D. Quixote  (texto com supressões)






Parabéns Pezinhos!

É com muito gosto que, aqui, no espaço de As estações do ano, felicito os quatro carolas, editores do Pezinhos de molho, o blog do Cais das Colunas pelo seu primeiro aniversário e atrevo-me (porque eles são de confiança!!!) a convidar todos os que passam por aqui, por acaso ou não, a passarem por lá. Molhem os pezinhos!! Enquanto isso desfrutem das fotografias e dos respetivos comentários. E divirtam-se!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

1961: Moon river | Breakfast at Tiffany' s




Moon River, wider than a mile,
I'm crossing you in style some day.
Oh, dream maker, you heart breaker,
wherever you're going I'm going your way.
Two drifters off to see the world.
There's such a lot of world to see.
We're after the same rainbow's end
waiting 'round the bend,
my huckleberry friend,
Moon River and me.

Música de Henry Mancini e letra de Johnny Mercer

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

1961: "A Terra é azul!"

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"A Terra é azul!", disse o soviético Yuri Gagarin, primeiro homem a alcançar o espaço, em 1961. (Foto: alldayru.com / via ESA)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

1961: Splendor in the grass de Elia Kazan




"What though the radiance
which was once so bright
Be now for ever taken from my sight,
Though nothing can bring back the hour
Of splendour in the grass,
of glory in the flower,
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind;
In the primal sympathy
Which having been must ever be;
In the soothing thoughts that spring
Out of human suffering;
In the faith that looks through death,
In years that bring the philosophic mind"

William Wordsworth   in Ode: Intimations of Immortality

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Milagrário Pessoal | Agualusa

"Vou anotando nas páginas do meu milagrário Pessoal os factos extraordinários que me sucedem, ou de que sou involuntária testemunha, dia após dia. É um diário de prodígios. Os milagres acontecem a cada segundo. Os melhores costumam ser discretos. Os grandes são secretos."

Milagrário Pessoal de José Eduardo Agualusa, D. Quixote, 2ª edição, 2010

Quiet night of quiet stars | Diana Panton




Ta guitare et mes chansons
cet amour à l' horizon
qui conserve encore
tous ses mistères
Tant de calme pour penser
avec le temps de rêver.

De la chambre on voit le Corcorvado ...

Gene Lees e Tom Jobim

Verbário | José Eduardo Agualusa

"Em criança, após a morte do meu pai, escrevi durante muitos meses um diário invisível, seguindo um método que ele me ensinara, brincando aos espiões, e que consistia em colocar sumo de limão numa caneta de tinta permanente. Perdi o caderno. Reencontrei o caderno já adolescente, pouco antes de partir para Roma em busca da santidade. Eu sabia que aquelas páginas estavam cheias de memórias, entretanto esquecidas, mas folheava-as e não via nada. Um dia, deixei o caderno abandonado ao sol. Quando o reabri, surpreendi-me ao verificar que o calor revelara as palavras. O tempo, que tem ainda mais força do que o sol, voltou a apagá-las. Guardei comigo, ao longo de tantos anos, esse diário invisível. Numa página ou noutra ainda se adivinha, como no livro de sonetos de Camões, aquele que foi pertença do patriota timorense, a vaga respiração de uma ou outra palavra. Tenho-o aqui nas mãos, o meu diário invisível. Folheio-o, com o mesmo tipo de arcaica e obscura fé com que uma pitonisa consulta as cartas ou os búzios.
Hoje saiu-me a página do
Medo
E depois:
Sonho
Abismo
Solidão
Parece-me uma conjunção curiosa, embora não muito favorável. À quinta consulta, encontrei uma frase completa:
«Amanhã nunca mais ninguém me acordará.»

 Como se chama ao lugar onde dormem as palavras por estrear?
 Um «Verbário»?
 É para lá que eu vou."

                                                              Voo Lisboa-Natal, 28 de Abril de 2010

Final de Milagrário Pessoal de José Eduardo Agualusa, D. Quixote, 2ª edição, 2010

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

José e Pilar. De novo.




Aquellos ojos verdes
de mirada serena
dejaron en mi alma
eterna sed de amar.

Anhelos de caricias
de besos y ternuras
de todas las dulzuras
que sabían brindar.

Aquellos ojos verdes
serenos como un lago
en cuyas quietas aguas
un día me miré.

No saben las tristezas
que en mi alma han dejado
aquellos ojos verdes
que ya nunca besaré.

Nat King Cole

Sshh! It's so quiet, it's so still and so peaceful ...



Bjork It' s oh so quiet.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Um chá de rooibos para duas pessoas.

Uma amiga minha disse-me que, hoje, passava por aqui. Especialmente para ela:

"Mma Ramotswe tinha uma agência de detectives em África, no sopé dos montes Kgale. O total dos seus haveres consistia numa pequena carrinha branca, duas secretárias, duas cadeiras, um telefone e uma velha máquina de escrever. Havia também uma chaleira, onde Mma Ramotswe - a única detective particular do Botsuana - onde fazia chá de rooibos. E três canecas - uma para ela, uma para a sua secretária, e outra para o cliente. De que mais precisa uma agência? As agências de detectives assentam na intuição e inteligências humanas, e Mma Ramotswe possuía ambas em abundância. É claro que nenhum inventário as incluiria."



Assim começa o romance de Alexander McCall Smith, A agência nº 1 de mulheres detectives, editorial Presença, 2ª edição.

E, para todos os que passarem por aqui, duas propostas para este outono: leitura deste livro (ou de outro!) e uma chávena de chá de rooibos com amêndoas, a acompanhar a leitura ou a boa companhia. Fiquem bem!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Enjoy the silence


Scala & Kolacny Brothers  (para conhecer melhor!)

"Vows are spoken to be broken
 Feelings are intense, words are trivial
Pleasures remain so does the pain 
Words are meaningless and forgettable ..."

Enjoy the silence de Depeche Mode

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Don' t Worry Be Happy!

"Don' t worry, be happy!  porque a vida é para ser aproveitada ao máximo" é o blogue da Joana, a quem agradeço desde já a lição. No seu perfil, lemos "divertida, simpática; quando quero sou mau-humorada ;)".  Gosta de andar de bicicleta, de estar com os amigos, andar de patins, ler, ouvir música ... 

A Joana é, à semelhança de outras pessoas, um momento mágico, no meu quotidiano.

Parabéns!




Pink Floyd Comfortably Numb (Lyrics)  em "Don't worry be happy!", em 16 de outubro de 2011.

domingo, 16 de outubro de 2011

As estações do ano: glossário III


OUTONO: o que nos aquece e aconchega;

INVERNO: o que nos conforta;

PRIMAVERA: o que nos anima e apaixona;

VERÃO: o que nos alegra e refresca.

E a quem para (antigo pára) por aqui, as minhas boas vindas! Espero que gostem desta ESTAÇÃO que é a minha.


E esta é uma estação de comboios - São Bento -  de onde eu parti e onde eu cheguei, vezes sem conta. Boa forma de chegar ao Porto!

sábado, 15 de outubro de 2011

As mudanças são sempre precisas. Haja coragem para elas.



Quando uma rosa morre
Outra cresce em seu lugar
Para onde o rio corre
Não é sempre o mesmo mar.

O sentido é um desvio
E a verdade um acidente
Não é sempre o mesmo rio
Não é sempre a dor que sente.

Quando uma rosa morre
Outra lua se anuncia
Não é sempre a mesma luz
Nem o mesmo fim do dia.

O sentido é um desvio
E a verdade um acidente
Não é sempre o mesmo rio
Não é sempre a dor que sente.

Quando uma rosa morre ...

Rádio Macau

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

As estações do ano: glossário II

os meus blogues: são as estações onde eu paro, com alguma regularidade. As razões por que estão aqui são muitas e diversas.

o meu perfil: algumas características (defeitos e/ou qualidades) que me definem.

os meus filmes: Paris Texas, Reds  e África minha.

paixões:  Paris, Arrábida, Gerês, Vergílio Ferreira e José Eduardo Agualusa.

poesia: indispensável na vida.

sentimentos: Tantos! Por tanta gente e tanta coisa!

Vergílio Ferreira: uma paixão!


Obs:  nova ortografia do verbo parar: eu paro, tu paras, ele para.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Encontrar, renovar, vou fugir ao repetir. Vou viver!



Vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver

Amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será
mais um prazer
que a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com a idade
interessa-me o que está para vir
que a vida em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

encontrar, renovar, vou fugir ao repetir

vou viver ...

António Variações

terça-feira, 11 de outubro de 2011

As estações do ano: glossário I

Agualusa, José Eduardo: nasceu em Angola, em 1960. Aqui, neste blogue podemos encontrá-lo em momentosmágicosleituras, paixões e teatro. Não li muitos livros dele, no entanto ele é o autor do livro de contos mais bonito que eu conheço Estranhões e Bizarrocos.

amigos : um dos capítulos com menos posts. Este blogue, apesar de ter sempre implícitas as pessoas que me acompanham, é, essencialmente, sobre "coisas" ... 

cinema: os filmes que eu vejo no cinema ou em casa e que tenho vontade de partilhar.

marionetas e formas animadas: a expressão de arte de que eu mais gosto. Este tema, no início, esteve integrado no teatro. Recentemente, considerei que ele era merecedor de um espaço próprio, embora  muitos destes espetáculos sejam momentos únicos, mágicos.

momentosmágicos : são mesmo momentos mágicos, porque têm a capacidade de nos transportar para um espaço onírico e, consequentemente, único.

música : a música está presente em todo o blogue, em (quase) todos os capítulos. Significativo!


domingo, 9 de outubro de 2011

As canções dos meus dias | Dead Combo

"Porque os meus dias necessitam de uma banda-sonora que faça suportar algumas das angústias que os atravessam. Ou simplesmente porque o meu dia foi um daqueles dias que irei recordar mais tarde, e me lembrarei da música que estava a passar naquele ínfimo momento de felicidade inocente." 

Este é o texto de apresentação de  As canções dos meus dias, um dos blogues que eu sigo e que eu recomendo a visitar e a ficar por lá, porque é um espaço muito bonito; e ouvir as canções que por lá passam, porque os "nossos" dias necessitam de uma banda sonora que faça suportar algumas das angústias que os atravessam, ou, simplesmente porque o "nosso" dia foi um daqueles dias que iremos recordar mais tarde, e "nos" lembraremos da música que estava a passar naquele ínfimo momento de felicidade inocente.

Desculpem-me os contribuidores de As canções dos meus dias, Girl Afraid e Nuno Gurosan, por ter usurpado este bonito texto e "nos" termos incluído nesta  forma de sentir a música. Partilho a última "canção".




"Que perfeito coração...
no meu peito bateria
Meu amor na tua mão
Nessa mão onde cabia...
perfeito, o meu coração."

excerto do poema de Alexandre O' Neill, Gaivota

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Voltar a Almada é sempre bom.

OUTONO

"Há em mim uma ternura desmedida pelas palavras.
Não há palavras que descrevam a loucura, o medo, os sentidos.
Não há nome para a tua ausência. Há um muro
Que os meus olhos derrubam. É OUTONO.
A pouco e pouco despem-se as palavras."

Poema de Joaquim Pessoa  Outono (excerto)

Encontrei este poema na Agenda Almada de outubro de 2011 que me veio parar às mãos, porque um amigo pegou nela  e, sem saber o que lhe fazer, deu-ma.


Companhia de Dança de Almada

Existem sempre bons motivos que me levam a ir até Almada. O aspeto cultural é um deles. E este mês de outubro está cheio de ótimas propostas. Festeja-se o mês da música, a quinzena da dança e a Festa do Cinema Francês, organizada pelo Institut Français de Portugal.  Entre muitas e variadas escolhas, destaco o filme Un poison violent, de Katell Quillévéré, 2010.


Mas o melhor, mesmo, é consultar a agenda e ir a Almada, por este motivo ou por outro.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pessoa e Bethânia: um deus e um poeta.



Maria Bethânia diz Alberto Caeiro Guardador de rebanhos VIII  (excertos) e  canta Doce mistério da vida.

"A mim, ele me ensinou tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as cores que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas."

Alberto Caeiro

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Reciclar dicionários e gramáticas de língua portuguesa.

O acordo ortográfico trouxe algumas alterações às nossas vidas. Lembremos algumas delas:

- o alfabeto passa a ter 26 letras. As três novas letras são o K (capa ou cá), W (dáblio, dâblio ou duplo v) e o Y (ipsilon ou i grego);
 - todas as consoantes que não se pronunciam não se escrevem, regra já há muito tempo aplicada, nos bancos da escola e não só;
 - creem, veem, leem ...não têm acento gráfico, assim como boia, jiboia, heroico e outras que tais. Afinal comboio e dezoito já não tinham. Para quê discriminações?!

desenho de Ruth Rosengarten em Tempus Fugit

Eu, por mim, ainda faria outras. Por exemplo, os cês no meio das palavras. Por que razão não têm todos cedilha? Por que razão uns têm e outros não? É apenas mais uma regra ortográfica para complicar a vida de quem tem que escrever. Levavam todos cedilha e prontos!

E os acentos? Uns para cá, outros para lá? Mas para quê? Aqui está outra coisa que o A.O. também deveria ter alterado. Todos os acentos para o mesmo lado que assim já ninguém se confundia.

E as regras gramaticais que, ao fim destes anos todos, também sofreram alterações!

                        
                                                  desenho de Ruth Rosengarten em  Tempus Fugit

A propósito de dicionários e gramáticas que precisam de ser reciclados, gostaria de partilhar com quem passa por aqui, por acaso ou não, estes desenhos de Ruth Rosengarten que ao utilizar esta velha gramática como suporte  lhe deu um novo interesse e uma nova vida. Bom exemplo!