domingo, 27 de novembro de 2011

Outono: Primavera.

Para todos vós que passam por aqui, por acaso ou não ...



Única canção cantada em português do novo álbum dos Gift Explode: Primavera. Lindíssima!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

1961: Felizmente há luar

1961, corresponde à época da escrita da obra, época de contestações a nível interno. Este clima é fruto de uma situação política, económica e social de desagrado geral. Vivia-se sob o regime ditatorial de Salazar e a desigualdade entre classes era cada vez maior. O povo vivia reprimido e explorado, abundava a miséria, o medo e o analfabetismo. Vivia-se no obscurantismo. A censura cortava tudo o que era contra o governo e existiam severas medidas de repressão e de tortura. Sttau Monteiro evoca situações e personagens do passado para falar do presente, para poder crititicar a sociedade do seu tempo. Sempre atual!



Publicada em 1961, foi aclamada pela crítica e levou o autor a consagrar-se como dramaturgo ao receber o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores.

Em 1962, o autor tentou encenar a peça no Teatro Experimental do Porto, mas não teve sucesso junto das autoridades. A sua primeira encenação aconteceu em Paris, em 1969, e só em 1978 foi a palco em Portugal, no Teatro Nacional. Em 2001, a peça foi encenada pela primeira vez no Teatro Experimental do Porto, uma vez que a primeira tentativa falhou.

1961: Hit the road Jack | Ray Charles



Hit the road Jack, Ray Charles

1961: Teatro do absurdo

Em 1961, o crítico Martin Esslin criou o conceito Teatro do Absurdo para designar um tipo de textos dramáticos que um grupo de dramaturgos produziram, após a II Guerra Mundial. Desvinculados do realismo e da verossimilhança, dramaturgos como o irlandês Samuel Beckett (1906-1989), o romeno Eugène Ionesco (1909-1949) e o francês Jean Genet (1910-1986) tentaram mostrar nos seus textos o fracasso da razão e do diálogo numa sociedade marcada pela falta da esperança na humanidade. As inovações e as problemáticas trazidas por estes escritores tiveram impacto decisivo na cena contemporânea.







La Cantatrice Chauve de Ionésco.
Pode ler aqui excertos deste texto, que exemplificam bem o que é o teatro do absurdo. Sempre atual, por inúmeras razões.

Fado, destino, sorte ...

ESTRANHA FORMA DE VIDA

Foi por vontade de Deus
Que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda minha a saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
Tem este meu coração:
Vive de vida perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
Coração que não comando:
Vives perdido entre a gente,
Teimosamente sangrando,
Coração independente.

Eu não te acompanho mais:
Pára, deixa de bater.
Se não sabes onde vais
Porque teimas em correr
Eu não te acompanho mais

Se não sabes onde vais
Pára, deixa de bater.
Eu não te acompanho mais.




Letra de Amália Rodrigues e música de Alfredo Marceneiro

domingo, 20 de novembro de 2011

No sé distinguir lo complicado de lo simple.

Ontem, tivemos todos oportunidade de (re)ver este belíssimo filme (RTP 2) e eu a desculpa de colocar, mais uma vez,  um excerto de "El secreto de sus ojos", agora com a banda sonora dos Heroes del silencio, Chispa adecuada, que nada tem a ver com o filme, mas como gosto de ambos...


El secreto de sus ojos de Juan José Campanella, vencedor do óscar de melhor filme estrangeiro, 2010.

"...el tipo pude cambiar de todo: de cara, de casa, de familia, de Dios…, pero hay una cosa que no pude cambiar; no puede cambiar de pasión”.   El secreto de sus ojos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Abissalmente diferentes, porém tão próximos ...

... no essencial*. Esta publicação é dedicada especialmente à Ana ... e a todos os meus amigos de quem eu sou abissalmente diferente.

*A essência de uma coisa é o seu ser verdadeiro e profundo (por oposição às aparências). Uma propriedade de um objecto é essencial quando sem ela esse objecto não poderia existir.  em Lexicon















Espiral celeste: foto da autoria da Ana

LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

 E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

terça-feira, 15 de novembro de 2011

1961: Crazy por Patsy Cline. Intemporal!



Crazy de Willie Nelson foi editada em 1961 e interpretada por Patsy Cline.

1961: Kennedy é eleito Presidente dos E.U.A.

"Ask not what your country can do for you. Ask what you can do for your country." JFK

"I believe that this nation should commit itself to achieving the goal, before this decade is out, of landing a man on the Moon and returning him safely to Earth," he said.



Kennedy tomou posse a 20 de janeiro de 1961, sucedendo a Eisenhower. Foi o 35º Presidente dos E.U.A. JFK foi assassinado a tiro, no dia 22 de novembro de 1963, em Dallas, Texas.

Um dos discurso do presidente:


"Let every nation know... that we shall pay any price, bear any burden, meet any hardship, support any friend, oppose any foe, to assure the survival and the success of liberty." JFK

1961: Astérix, o Gaulês.



A 29 de Outubro de 1959 aparece pela primeira vez "Astérix, o Gaulês", personagem de banda desenhada criada pelo argumentista René Goscinny e pelo escritor e desenhador Albert Uderzo. As histórias começaram por ser publicadas na revista francesa "Pilote". O primeiro livro só viria a ser editado em 1961.

Voá borboleta | Sara Tavares




Voá borboleta, abri bôs asas e voá

Bem trazêm quel morabeza
Quand m'oiábô
Bô ca têm ninhum tristeza
Mesmo si bô ta morrê manhã
Dor ca ta existi pa quem voá

Borboleta, borboleta
Abri bôs asas e voá, mesmo se vida bai amanhã
Borboleta...
Se um prende vivê ess vida
Cada dia voá

É um mensagem pa tude gente
Qui tá sobrevivê, tude alguêm sim força pá voá pa vivê
Lá na mei de escuridão,
No podê encontra razão
Só no credita
No podê voá

Borboleta, borboleta
Abri bôs asas e voá
Mesmo se vida bai amanhã
Borboleta
No podê vivê nos vida
Cada dia voá´

Sara Tavares

Estranhões & Bizarrocos | Pó dos livros

 Comprei, pela segunda vez, Estranhões & Bizarrocos (estórias para adormecer anjos) de José Eduardo Agualusa, com ilustrações de Henrique Cayatte, D. Quixote, 2ª edição, nov. 2007.


Geralmente não me esqueço dos sítios onde compro os livros, porque passo "lá" imenso tempo. Livraria Pó dos livros a visitar no seu espaço físico e na blogosfera. Valem a pena os dois!


Numa mesa grande alguns livros destacavam-se. Indecisa entre um romance de Somerset Maugham e Dublinesca de Enrique Vila-Matas, lembrei-me que andava a sentir a falta deste livro de contos. Perguntei se tinham. Não! Foi a primeira resposta. Foram verificar. Afinal havia um! Respirei de alívio.

Estranhões & Bizarrocos é um livro que nos conta dez histórias: Estranhões, Bizarrocos e outros seres sem exemplo; Sábios como camelos; A menina do peluche; O peixinho que descobriu o mar; O primeiro pirilampo do mundo; O País dos Contrários; O caçador de borboletas; O pai que se tornou mãe; O sonhador e A menina que queria ser maçã.

Na contracapa lê-se, "Neste livro de José Eduardo Agualusa e Henrique Cayatte cabem os prodígios todos que cabem nos sonhos de crianças. São histórias para adormecer anjos."

Ilustração: Henrique Cayatte

E como eu gosto dos finais das histórias:

"Vladimir regressou a casa alegre como um pássaro. O pai quis saber se ele tinha feito uma boa caçada. O menino mostrou-lhe com orgulho o frasco vazio:
 - Muito boa. - disse. - Estás a ver? Deixei fugir a borboleta mais bela do mundo."

em O caçador de borboletas

nota: neste blogue podem encontrar excertos dos contos O caçador de borboletas, O pai que se tornou mãe e O sonhador   Sigam os links / ligações!

domingo, 13 de novembro de 2011

Alfonsina y el mar | Cristina Branco




Por la blanda arena que lame el mar
Su pequeña huella no vuelve mas,
Un sendero solo de pena y silencio llego
Hasta el agua profunda,
Un sendero solo de penas mudas llego
Hasta la espuma.

Sabe dios que angustia te acompaño
Que dolores viejos callo tu voz
Para recostarte arrullada en el canto
De las caracolas marinas
La cancion que canta en el fondo oscuro del mar
La caracola.

Te vas alfonsina con tu soledad
Que poemas nuevos fuiste a buscar ...?
Una voz antigua de viento y de sal
Te requiebra el alma y la esta llevando
Y te vas hacia alla como en sueños,
Dormida, alfonsina, vestida de mar ...

Cinco sirenitas te llevaran
Por caminos de algas y de coral
Y fosforecentes caballos marinos haran
Una ronda a tu lado
Y los habitantes del agua van a jugar
Pronto a tu lado.

Bajame la lampara un poco mas
Dejame que duerma nodriza en paz
Y si llama el no le digas que estoy
Dile que alfonsina no vuelve ...
Y si llama el no le digas nunca que estoy,
Di que me he ido ...

Te vas alfonsina con tu soledad
Que poemas nuevos fuiste a buscar ...?
Una voz antigua de viento y de sal
Te requiebra el alma y la esta llevando
Y te vas hacia alla como en sueños,
Dormida, alfonsina, vestida de mar ...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

El secreto de sus ojos.



El secreto de sus ojos, de Juan José Campanella, 2009. Óscar de melhor filme estrangeiro.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sentado à tua mesa

"A alguém que temperou e condimentou com o seu sorriso e o seu olhar de maresia o meu almoço solitário ..." Lê-se como dedicatória.

Este livro de poesia anda sempre perdido e eu sempre à sua procura. Talvez por ser pequeno e praticamente não ter lombada. Vou deixá-lo por aqui, assim não corre o risco de desaparecer no meio dos outros.

Lembrei-me dele porque não consigo dissociá-lo de Modigliani. Conheci os dois na mesma altura. O livro foi-me oferecido, o quadro (réplica) estava pendurado na parede da sala: uma figura feminina desenhada de uma forma estranha chamou a atenção dos meus olhos. Inesquecível! Amor à primeira vista.

O almoço também estava bom. Fugiu à rotina dos almoços na cantina velha.

Este livro está comigo há muitos anos, é sobre a ternura. As páginas não estão soltas, mas já estão amarelecidas.  Os poemas são muito bonitos. Podem ler aqui, o poema Ternura, do mesmo autor.

Edição dos próprios autores, Carlos Paiva e Manuel José de Sá Correia; capa e arranjo gráfico de Alberto Lopes; 1ª edição 1980.


Construção

Sobre os teus cabelos
ponho a minha boca
e no teu corpo doce de ansiedade
solto os cavalos mais loucos
da minha poesia, as aves mais sedentas
da minha alegria;

e a pouco e pouco
ergo nas tuas linhas
a casa de que é feita
a nossa ternura.

Manuel José de Sá Correia


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ela sorriu, ele sorriu ...



Trocaram o primeiro olhar numa manhã de Verão,
quando a cidade se agitava em plena confusão.
Ela sorriu, ele sorriu e tudo foi tão natural
que eles não perderam mais tempo e arrancaram em direcção ao Sol.

Ah! quando a gente lá chegar
a coisa vai ter outra dimensão.

Treparam por degraus de espuma e mergulharam na luz.
Gotas de orvalho vieram brincar sobre os dois corpos nus.
O tempo parrou, a guerra acabou e o mundo era um grande jardim
onde se ouvia uma estranha sinfonia sem princípio nem fim.

Ah! quando a gente lá chegar
a coisa vai ter outra dimensão.

A pouco e pouco a terra voltou de novo a girar
e o tic-tac do relógio não tardou a soar.
Ela sorriu, ele sorriu e tudo foi tão natural
que eles nem disseram adeus quando a noite chegou para os separar.


Quando a gente lá chegar, Jorge Palma

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Modigliani: um amor à primeira vista.



Amedeo Modigliani (Livorno 1884 - Paris 1920). Conheçam o seu trabalho e, se gostarem, vejam o filme sobre a sua vida (trágica!).  Ainda me lembro do primeiro "modigliani" que vi - anos 80, anos de muitas paixões: arte, arte e arte.

Quando conoscerò la tua anima dipingerò i tuoi occhi: A.M.



Jeanne de Amedeo Modigliani

Modigliani e Jeanne



Modigliani, com Andy Garcia e Elza Zilberstein, realização Mick Davis, 2004

sábado, 5 de novembro de 2011

1961: Elis



Garoto último tipo do 1º álbum de Elis Regina Viva a brotolândia de 1961.

1961: Trópico de Câncer de Henry Miller

I have made a silent compact with myself not to change a line of what I write. I am not interested in perfecting my thoughts, nor my actions. Beside the perfection of Turgenev I put the perfection of Dostoievski. (Is there anything more perfect than The  Eternal Husband?) "Here, then, in one and the same medium, we have two kinds of perfection. But in Van Gogh's letters there is a perfection beyond either of these. It is the triumph of the individual over art. There is only one thing which interests me vitally now, and that is the recording of all that which is omitted in books. Nobody, so far as I can see, is making use of those elements in the air which gives direction and motivation to our lives.  Tropic of Cancer de Henry Miller





Tropic of Cancer de Henry Miller foi publicado pela primeira vez em 1934. Ficou proibido nos Estados Unidos até 1961, ano em que foi novamente editado.

1961: Oscar winners.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Quem és tu de novo?



Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Quando o teu cheiro me leva às esquinas do vislumbre
E toda a verdade em ti é coisa incerta e tão vasta
Quem sou eu para negar que a tua presença me arrasta?
Quem és tu, na imensidão do deslumbre?

As redes são passageiras, as arquiteturas da fuga
De toda a água que corre, de todo o vento que passa
Quando uma teia se rasga ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho mais uma ruga

Quando o teto se escancara e se confunde com a lua
A apontar-me o caminho melhor do que qualquer estrela
Ninguém me faz duvidar que foste sempre a mais bela
Por favor, diz-me que és alguém, de novo?

Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Jorge Palma

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sem título | Bar Desporto | Almada Velha

                               desenho de Rui Fernandes, s/ título, Bar Desporto, Almada Velha, 1983



terça-feira, 1 de novembro de 2011

1961: Adriano Correia de Oliveira | Balada do estudante



Balada do estudante de Adriano Correia de Oliveira, 1961

1961: Muro de Berlim

O Muro de Berlim (Berliner Mauer em alemão) foi uma realidade e um símbolo da divisão da Alemanha em duas entidades estatais: a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA). Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: Berlim Ocidental (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos da América; e Berlim Oriental (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético. Começou a construir-se na madrugada de 13 de agosto de 1961 e dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.

O Muro de Berlim caiu no dia 9 de novembro de 1989, ato inicial da reunificação das duas Alemanhas, que formaram, finalmente, a República Federal da Alemanha, acabando também a divisão do mundo em dois blocos. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria.




Russians de Sting

1961: EUSÉBIO

Eusébio estreou-se no Estádio da Luz a 23 de Maio de 1961, num jogo amigável contra o Atlético em que marcou 3 dos quatro golos do Benfica.

Voa, voa Beija-flor ...

Terminei, neste ponto, a leitura do romance de Agualusa, Milagrário pessoal. O final é outro, já o tinha lido há mais tempo. É bom ler assim um livro, sem uma ordem aparente ...

"Beija-Flor ainda não sabe, mas vou oferecer-lhe uma viagem a Lisboa. Quero que te leve esta carta, quero que a entregue em tuas mãos, como numa antiga canção de roda dos meus tempos de menino:

Voa, voa Beija-flor
Leva esta carta ao meu amor.
Diz-lhe ao ouvido
palavras de ouro.
Diz que lhe deixo
A chave do tesouro."

em Milagrário pessoal de José Eduardo Agualusa, D. Quixote