sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2011: A winter's tale

E assim termino o ano de 2011, desejando a todos os que passam e param em As estações do ano, um FELIZ ANO NOVO.




"So quiet and peaceful
Tranquil and blissful
There's a kind of magic in the air
What a truly magnificent view
A breathtaking scene
With the dreams of the world
In the palm of your hand"

A winter's tale de Queen

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sopra demais o vento para eu poder descansar ...

Sopra demais o vento | Camané


Sopra demais o vento
Para eu poder descansar ...
Há no meu pensamento
Qualquer coisa que vai parar

Talvez esta coisa da alma
Que acha real a vida
Talvez esta coisa calma
Que me faz a alma vivida ...

Sopra um vento excessivo
Tenho medo de pensar ...
O meu mistério eu avivo
Se me perco a meditar

Vento que passa e esquece
Poeira que se ergue e cai ...
Ai de mim se eu pudesse
Saber o que em mim vai ...

Poema de Fernando Pessoa e música de José Joaquim Carvalho Júnior.

2011: de Portugal para o mundo, o FADO!

domingo, 25 de dezembro de 2011

A Estrela | Noite de Natal de Sophia.

Quando se viu sozinha no meio da rua teve vontade de voltar para trás. As árvores pareciam enormes e os seus ramos sem folhas enchiam o céu de desenhos iguais a pássaros fantásticos. E a rua parecia viva. Estava tudo deserto. Àquela hora não passava ninguém.
"Tenho medo", pensou ela. Mas resolveu caminhar para a frente sem olhar para nada.
Quando chegou ao fim da rua virou à direita e meteu a um atalho entre dois muros. E no fim do atalho encontrou os campos, planos e desertos. Ali sem muros nem árvores nem casas, a noite via-se melhor. Uma noite altíssima redonda e toda brilhante. O silêncio era tão forte que parecia cantar. Muito ao longe via-se a massa escura dos pinhais.
"Será possível que eu chegue até lá?", pensou Joana. Mas continuou a caminhar.
"Tenho frio", pensou Joana. Mas continuou a caminhar.
Joana parou um instante no meio dos campos.
"Para que lado ficará a cabana?", pensou ela.
E olhava em todas as direções à procura de um rasto.
"Como é que eu hei de encontrar o caminho?", perguntava ela.
E levantou a cabeça.
Então viu que no céu, lentamente, uma estrela caminhava. Esta estrela parece um amigo", pensou ela.
E começou a seguir a estrela."

A Noite de Natal de Sophia de Mello Breyner Andersen (excertos)

sábado, 24 de dezembro de 2011

O meu menino é d' oiro | Cristina Branco



Menino d'oiro de José Afonso.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O que nos conforta e aquece ...

O que nos conforta e aquece neste inverno? Só o saberemos quando acabar. Por isso fiquemo-nos com o Natal e com duas chávenas de café ... quente!

Belíssimo, o desenho de Ruth Rosengarten. Em Tempus Fugit.

domingo, 18 de dezembro de 2011

A todos um bom Natal em SPC.

A todos os que passam e param nestas estações, por acaso ou não, eu desejo um FELIZ NATAL ...




Centro de Recursos Tic para a Educação Especial - Cinfães  
SPC: símbolos para a comunicação.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

1961: Stand by me por John Lennon



Stand by Me começou por ser interpretada, em 1961, por Ben E. King. Baseada no espiritual "Oh Lord, stand by me" foi escrita por King, Jerry Leiber e Mike Soller. Entre muitos intérpretes escolhi John Lennon. E com esta música dou por terminado o tema 1961.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ary dos Santos | Canção de madrugar

Ary dos Santos nasceu no dia 7 de dezembro de 1937. Como a  poesia é um dos meus aconchegos, aqui fica uma pequena homenagem a este grande poeta e declamador.



Canção de madrugar

De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.

Sei dos teus olhos acesos na noite
- sinais de bem despertar -
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar.

Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.

Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei, dei ...

Dei do meu corpo um chicote de força
Rasei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa

Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas alarguei cidades
E construí poetas

E nunca, nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis, quis ...


Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Então:
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem guerras
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem mal ... ... ...

Ary dos Santos, Canção de madrugrar  por Susana Félix. Neste blogue, Ary dos Santos aqui e aqui.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O que nos aconhegou e aqueceu, neste outono?

FADO: Património Imaterial da Humanidade. Foi este o acontecimento que, no final do outono, aconchegou e aqueceu a alma de muita gente, incluindo a minha.

A música, para mim, é sempre um aconchego.


Ó gente da minha terra

É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra

Sempre que se ouve o gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi

E pareceria ternura
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi

Ó gente da minha terra, poema de Amália Rodrigues. A música integra o álbum de Mariza Fado em Mim, e foi o primeiro single da intérprete, musicada por Tiago Machado.

Os "meus" blogues.

É com muito prazer que saúdo a Catarina, a Laura e a Joana, editoras dos blogues O meu mundo, As faces do coração, Don' t worry, be happy!, respetivamente.

Os blogues da Catarina e da Laura contam-nos histórias de adolescentes  (amores e desamores, alegrias e tristezas, conflitos  ...), numa linguagem, também ela muito próxima desta faixa etária. Don't worry, be happy! de que eu, aqui, em As estações do ano, já tinha feito referência, é um blogue generalista, debruçando-se sobre temáticas variadas que refletem o gosto e o interesse da sua editora. A visitar!

Atrevo-me, aqui, a publicar um texto da autoria da Catarina. Trata-se de uma proposta de continuidade da Mensagem de Fernando Pessoa, da Colecção Clássicos Portugueses Contados a Crianças, editado pelo semanário SOL.














"Com os meus olhos vejo um mundo diferente…
Será que vocês veem o mesmo?
Olho pela janela e observo imensa coisa: vejo bondade na cara de algumas pessoas vejo maldade na cara de outras, mas também vejo que o nosso mundo não tem só coisas más. Tem tanta coisa boa! Portugal principalmente! É uma coisa boa… Quem o governa é que não… Era tão bom que se fosse eu a governar. Seria diferente. Daria a paz a todas as pessoas.
Há pessoas que dizem que antigamente é que era bom! Mas não sei se era tão bom como dizem.
Temos heróis, sim senhora, mas também temos os heróis do mal… Os heróis do bem são aqueles que lutaram pelos seus sonhos e tornaram o nosso mundo melhor. Os do mal, nem heróis se deveriam chamar. Fazem com que Portugal se torne tão “pequeno”, quando, outrora, foi tão “grande”, com os nossos descobrimentos e graças, também, àqueles que lutaram para defender a nossa Pátria. Esses, sim! São verdadeiros heróis que nunca devem ser esquecidos e que todos os portugueses deveriam ter orgulho. Hoje em dia raramente se ouve falar neles. Infelizmente!
Eu queria ser uma heroína. Adoraria salvar o país! Claro que estou a ser um pouco convencida! Mas é um desejo. E um desejo para se concretizar, deve-se lutar por ele. Certo?!
Portugal, Portugal… O que nós podemos fazer por ti? Boa pergunta! O que poderemos fazer para te ajudar a encontrar o caminho?
Não acham que tenho razão? Se todos nós lutássemos como, um dia, o fez D. Afonso Henriques e muitos outros que construíram Portugal e foram mais além.
Sim! Porque a vida é uma luta! Sempre me disseram isso. Para os nossos sonhos alcançar, devemos lutar! E tem razão Fernando Pessoa ao dizer: “Ó Portugal, hoje és nevoeiro…”
Um nevoeiro muito intenso... parece que não tem fim! Não consigo ver nada! Ouço uma voz que me grita: "Então, e os TEUS sonhos, os TEUS desejos?!" Intrigada perguntei "Quem és tu?!", mas ninguém respondeu ...
Veio-me à lembrança Fernão de Magalhães e a frase de Fernando Pessoa que diz que ele “abraçou a Terra”.
E atrevo-me, eu, a dizer: “Tenhamos esperança nos nossos sonhos, lutemos por eles … Abracemos, nós, Portugal e o Mundo!”

Texto de Catarina Dias, editora do blogue "O meu mundo".

domingo, 4 de dezembro de 2011

1961: Amnistia Internacional

altEm 1961, um advogado Inglês, Peter Benenson lançou uma campanha mundial (“Apelo para Amnistia 1961”) com a publicação de um artigo proeminente “Os Prisioneiros Esquecidos” no Jornal “The Observer”. A notícia da detenção de dois estudantes portugueses que elevaram os seus copos para brindar em público à liberdade, levou Benenson a escrever este artigo. O seu apelo foi publicado em muitos outros jornais pelo mundo fora tornando-se assim na génese da Amnistia Internacional.

A primeira reunião internacional teve lugar em Julho de 1961, com delegados da Bélgica, do Reino Unido, França, Alemanha, Irlanda, Suíça e dos EUA. Decidiram estabelecer “um movimento permanente em defesa da liberdade de opinião e de religião ".

1961: West Side Story



Realização de Robert Wise e Jerome Robbins, com Natalie Wood e Rita Moreno. Música de Leonard Bernstein.

1961: Renault 4L

A Renault 4L comemora 50 anos de vida. São máquinas de guerra. O lema português era que a 4L ia onde não iam os jipes! Na imagem a 4L da mítica dupla Claud e Bernard Marreaud, terceiro lugar no Dakar 1980.



Renault 4 Sinpar (the four-wheel drive version)

O seu primeiro motor tinha quatro cilindros, caixa de três velocidades em linha e 603 cm3. A potência de 20 cv ás 4.700 rpm permitia velocidade máxima de 95 km/h e um consumo médio de 15 km/l. O capô abria-se de trás para a frente e a suspensão era independente nas quatro rodas, com barras de torção em ambos os eixos. E tinha uma grande primazia: o primeiro sistema de refrigeração selado do mundo, que evitava a perda e consequente reposição do liquido de refrigeração. Uma peculiaridade do novo Renault 4L era a distância entre eixos maior no lado direito, 2,45 contra 2,40 metros, uma imposição do tipo de suspensão traseira.

sábado, 3 de dezembro de 2011

O amigo I A noite de Natal de Sophia


















Ilustração de Júlio Resende



Era uma vez uma casa pintada de amarelo com um jardim à volta. No jardim havia tílias, bétulas, um cedro muito grande, uma cerejeira e dois plátanos. Era debaixo do cedro que Joana brincava. Com musgo  e ervas e paus fazia muitas casas pequenas encostadas ao grande tronco escuro. Depois imaginava os anõezinhos que, se existissem, poderiam morar naquelas casas. E fazia uma casa maior e mais complicada para o rei dos anões.
Joana não tinha irmãos e brincava sozinha. Mas de vez em quando vinham brincar os dois primos ou outros meninos. E, às vezes, ela ia a uma festa. (...)
E Joana tinha muita pena de não saber brincar com os outros meninos. Só sabia estar sozinha.
Mas um dia encontrou um amigo. Foi numa de manhã de outubro.
Joana estava encarrapitada no muro. E passou pela rua um garoto. Estava todo vestido de remendos e os seus olhos brilhavam como duas estrelas. Caminhava devagar pela beira do passeio sorrindo às folhas do Outono. O coração da Joana deu um pulo na garganta.
- Ah! - disse ela.
E pensou:
«Parece um amigo. É exatamente igual a um amigo.» E do alto do muro chamou-o:
- Bom dia!
O garoto voltou a cabeça, sorriu e respondeu:
- Bom dia!
O garoto voltou a cabeça, sorriu e respondeu:
- Bom dia!
Ficaram os dois um momento calados. Depois Joana perguntou:
- Como é que te chamas?
- Manuel - respondeu o garoto.
- Eu chamo-me Joana.
E de novo entre os dois, leve e aéreo, passou um silêncio. (...)

A noite de Natal de Sophia de Mello Breyner Andresen (excerto)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

If you just believe ...



Believe in what your heart is saying,
Hear the melody that's playing.
There's no time to waste,
There so much to celebrate.
Believe in what you feel inside,
Give your dreams the wings to fly.
You have everything you need, if you just believe.

Believe, letra e música de Glenn Ballard e  Alan Silvestri. Interpretada por Josh Groban. Banda sonora do filme Polar Express de Robert Zemeckis, 2004.

A Estrela de Vergílio Ferreira

Um dia, à meia-noite, ele viu-a. Era a estrela mais gira do céu, muito viva, e a essa hora passava mesmo por cima da torre. Como é que a não tinham roubado? Ele próprio, Pedro, que era um miúdo, se a quisesse empalmar, era só deitar-lhe a mão. Na realidade, não sabia bem para quê. Era bonita, no céu preto, gostava de a ter. Talvez depois a pusesse no quarto, talvez a trouxesse ao peito. E daí, se calhar, talvez, a viesse dar à mãe para enfeitar o cabelo. Devia-lhe ficar bem, no cabelo.
De modo que, nessa noite, não aguentou. Meteu-se na cama, como todos os dias, a mãe levou a luz, mas ele não dormia. Foi difícil, porque o sono tinha muita força. Teve mesmo de se sentar na cama, sacudir a cabeça muitas vezes a dizer-lhe que não. E quando calculou que o pai e a mãe já dormiam, abriu a janela devagar e saltou para a rua. A janela era baixa. Mas mesmo que não fosse.Com sete anos, ele estava treinado a subir às oliveiras, quando era o tempo dos ninhos ...
(...)
Pedro segurou-se no varão e viu que tinha ainda de subir até se pôr mesmo em cima do galo. Subiu devagar, que aquilo tremia muito, e empoleirou-se por fim nos ferros cruzados dos quatro ventos. Enroscando as pernas no varão, tinha agora os braços livres. E, então, ergueu a mão devagar. Os ferros balançavam, mas ele nem olhava lá para baixo. Fez força ainda nas pernas, apoiou-se na mão esquerda, e com a outra, despegou a estrela. Não estava muito pregada e saiu logo. Entalou-a então no cordel das calças ...

A Estrela de Vergílio Ferreira (excerto)