quinta-feira, 23 de abril de 2015

Há trinta anos que a Arrábida me fascina!

 Há 35 anos, fui a Paris pela primeira vez e fiquei deslumbrada. Há 30 anos que sou professora e ainda não me arrependi.  Há 28 anos, fiz interrail e viajei sem destino. Há 20 anos que moro em  Setúbal, cidade que escolhi para viver. Há treze anos, fui mãe e foi um momento mágico!


       Há trinta anos que a Arrábida me fascina!    Foto de Sara Oliveira

Este texto é sobre a utilização do  (verbo haver) com expressões de tempo. A forma que eu encontrei para explicar o seu emprego foi o de partilhar com quem passa por aqui, por acaso ou não, alguns momentos felizes da minha vida. Cuidem bem da nossa língua e não se desculpem com o acordo ortográfico. Facto continua a escrever-se com C e cágado continua a ter acento, como palavra esdrúxula que é. Filtrem a informação que partilham por essas redes sociais que, muitas vezes, induzem as pessoas em erro. A língua portuguesa (com sotaque ou sem) agradece!

terça-feira, 21 de abril de 2015

Que dance a linda flor, girando por aí ...



Bela Flor de Maria Gadú

Adolfo Luxúria Canibal diz Mário Cesariny



Exercício espiritual de Mário Cesariny

Quero escrever-te um poema que ... | Nuno Júdice

Quero escrever-te um poema que
tenha um sentido claro como o
que os teus olhos me disseram.

Poderia ser um poema de amor,
tão breve como o instante em
que me deixaste ver os teus olhos.

Mas o que os olhos dizem não cabe
num poema, nem eu sei como se diz
o amor que só os olhos conhecem.

Nuno Júdice

Caetana Veloso e Maria Gadú


domingo, 19 de abril de 2015

segunda-feira, 6 de abril de 2015

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Eunice diz Flor Bela





Eunice Munõz diz Florbela Espanca

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Rogério Samora diz Cesariny



Poema de Mário Cesariny, música de Rodrigo Leão e voz de Rogério Samora.

Aniki Bóbó de Manoel de Oliveira

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Durante a primavera inteira aprendo | Herberto Helder

Não sei como dizer-te que a minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.

Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstrato
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,

que te procuram.


de Herberto Helder, excerto do poema «Tríptico», publicado em A Colher na Boca, 1961

A Terra gira ao contrário e os rios nascem no mar ...



Os loucos de Lisboa

Parava no café quando eu lá estava
Na voz tinha o talento dos pedintes
Entre um cigarro e outro lá cravava
a bica, ao melhor dos seus ouvintes

As mãos e o olhar da mesma cor
Cinzenta como a roupa que trazia
Um gesto que podia ser de amor
Sorria, e ao partir agradecia

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem duvidar
Que a Terra gira ao contrário
E os rios nascem no mar

Um dia numa sala do quarteto
Passou um filme lá do hospital
Onde o esquecido filmado no gueto
Entrava como artista principal

Compramos a entrada p'ra sessão
Pra ver tal personagem no écran
O rosto maltratado era a razão
De ele não aparecer pela manhã


Mudamos muita vez de calendário
Como o café mudou de freguesia
Deixamos de tributo a quem lá pára
Um louco a fazer-lhe companhia

E sempre a mesma posse o mesmo olhar
De quem não mede os dias que vagueam
Sentado la continua a cravar
Beijinhos as meninas que passeiam.

poema de João Monge
música de João Gil