quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Ternura de David Mourão Ferreira | Luis Cília

Desvio dos teus ombros o lençol
Que é feito de ternura amarrotada
Da frescura que vem depois do sol
Quando depois do sol não vem mais nada.

Olho a roupa no chão - que tempestade
Há restos de ternura pelo meio
Como vultos perdidos na cidade
Onde uma tempestade sobreveio.

Começas a vestir-te lentamente
E é ternura também que vou vestindo
Para enfrentar lá fora aquela gente
Que da nossa ternura anda sorrindo.

Mas ninguém sabe a pressa com que nós
A despimos assim que estamos sós.

David Mourão Ferreira


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