segunda-feira, 7 de abril de 2014

Se te quiseres perder ... Vai sempre em frente! | José Luis Peixoto




Marraquexe de José Luís Peixoto, dito pelo próprio.

O caminho é simples
Avança pelos pensamentos do cego mais antigo da praça
Lá ao fundo
Continua  pela voz que se estende a partir da mesquita
Chegarás a um  muro branco onde está sempre sol

Aproveita esse descanso
Imagina um chá de menta
Não terás que esperar muito
Quando passar uma menina de lenço azul
Segue-a por três  ruas
Depois fecha os olhos e tenta distinguir o perfume do jasmim

Acredita na aragem
Ao chegares a porta estará aberta
Se te perguntarem quanto estás disposto a pagar
Começa por oferecer um sopro
A primeira oferta é sempre insuficiente
Por isso vão pedir-te o silêncio
Tu sabes que não lhes podes dar o silêncio
Eles também sabem.
Propõe-lhes uma palavra qualquer, pouco usada
Eles vão querer uma palavra única.

Não importa o tempo
Não importa o tempo

Pagarás com um gesto ou com uma nota de baixo valor
Depois do sorriso que estava guardado para a despedida
Se quiseres regressar só tens de fazer o caminho inverso

É simples:
perfume de jasmim,
menina de lenço azul
voz da mesquita
pensamentos do cego

Se te quiseres perder também é simples ... vai sempre em frente!

Nota: Por não ter encontrado a transcrição deste poema, ousei esta apresentação gráfica. Espero não ter "corrompido" o(s) seu(s) significado(s).

1 comentário:

Graça Pires disse...

Gostei imenso deste poema do José Luís Peixoto dito por ele próprio.
Obrigada pela partilha.
Beijo.