Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes de anto,
Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em qu eu sou santo!
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar ...
E a minha boca tem uns beijos mudos ...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar ...
Florbela Espanca
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