terça-feira, 10 de agosto de 2010

Em Nome da Terra

"Por fim saímos da água e os deuses olharam-nos, humilhados na sua inutilidade. Uma nova raça divina erguia-se em nós. Poderosos imensos. Trazíamos uma mensagem dos confins das eras, a Terra esperava-nos. Trazíamos a notícia de um corpo incorruptível e perfeito.

- Jura-me que nunca hás-de envelhecer - disse-te.
- Juro.
- E que nunca hás-de morrer.
- Sim.
- E que a beleza estará sempre contigo. E a glória. E a paz.
- Juro.

(...) e eu baixar-me-ei ao rio e trarei a água na concha das mãos. E derramá-la-ei  imensamente e devagar sobre a tua cabeça. E direi para toda a história futura, na eternidade de nós:
- Eu te baptizo em nome da Terra, dos astros e da perfeição.
E tu dirás está bem."

Lisboa, 29 de Dezembro de 1989. Vergílio Ferreira

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