domingo, 18 de março de 2012

O que nos apaixona e alegra na primavera.

A primavera é depois de amanhã, e no dia seguinte é o dia mundial da poesia. Como eu não imagino os meus dias sem poesia, deixo-vos, este poema de Alberto Caeiro dito por Pedro Lamares "Quando vier a primavera".


Quando vier a Primavera, 
Se eu já estiver morto, 
As flores florirão da mesma maneira 
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. 
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme 
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria 
E a Primavera era depois de amanhã, 
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. 
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? 
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; 
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. 
Por isso, se morrer agora, morro contente, 
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. 
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. 
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. 
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro

1 comentário:

Cláudia M. disse...

Essa é mesmo a verdade, as pegadas que deixamos são nossas e dos nossos, quando nos formos ficam memórias, as memórias serão depois apagadas qual água do mar apaga as marcas que desenhamos na areia. Mas ficam os genes, ficam os legados, fica a obra, fica a consequência do que foi feito (ou não)... bem, muito acaba por ficar, a nossa vida não poderia valer apenas o silêncio...