" 'Não tenhas medo de estares a ver a tua cabeça a ir diretamente para a loucura, não tenhas medo! Deixa-a ir até à loucura! Ajuda-a a ir até à loucura. Vai tu também, pessoalmente, com a tua cabeça até à loucura!’.
Enquanto alguns só veem aquilo que está mais perto, ocupados com os afazeres de cada dia, outros sonham com as paisagens e as quimeras mais longínquas, sem conseguirem distinguir os contornos que os rodeiam. Uns não sabem sonhar senão a vida, outros não sabem viver senão o sonho. Mas como se mantém então o mundo a funcionar? E que mundo é o nosso que, vivido ou sonhado, esconde sempre um outro lado?
Queremos partir para o desconhecido, sabendo que é preciso parar para partir, mesmo que se parta sem sair do lugar. Sabendo que se lá chegarmos não poderemos mais perguntar à nossa sombra: de quem foges tu? Sabendo que algo terá de desaparecer quando a luz se apagar. Acreditando que alguma coisa finalmente aparecerá quando a escuridão se acender.”
Almada Negreiros
Almada Negreiros
Teatro O Bando
em o Teatro Nacional D. Maria II
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