segunda-feira, 22 de abril de 2013
Fado do povo alado | Ana Moura
Vou de Lisboa a S. Bento,
Trago o teu mundo por dentro
No lenço que tu me deste.
Vou do Algarve ao Nordeste,
Trago o teu beijo bordado,
Sou um Comboio de Fado
Levo um Amor encantado,
Sou um Comboio de gente.
Sou o chão do Alentejo,
De ferro é o meu beijo,
Tão quente como a Liberdade,
E se não trago saudade
É porque vives deitado
Num Amor que não está parado,
Sou um Comboio de Fado,
Sou um Comboio de gente.
Não há Amor com mais tamanho,
Que este Amor por ti eu tenho,
Voo de pássaro redondo,
Que não aporta no beiral.
Não há Amor que mais me leve,
Que aquele em que se escreve,
Ai... Lume brando, Paz e fogo,
Luz final.
Desço do Porto ao Rossio,
Levo o abraço do rio,
Douro amante do Tejo,
Nos ecos dum realejo,
Chora minha guitarra,
Trazes-me a Paz da cigarra,
Num desencontro encontrado,
Sou um Comboio de Fado.
Se for morrer a Coimbra,
Traz-me da Luz a penumbra,
Do Amor que nunca se fez,
Corre-me o sangue de Inês,
Mostra-me um sonho acordado,
Somos um Povo alado,
Um Povo que vive no Fado
A Alma de ser diferente.
Não há Amor com mais tamanho,
Que este Amor por ti eu tenho,
Voo de pássaro redondo,
Que não aporta no beiral.
Não há Amor que mais me leve,
Que aquele em que se escreve,
Ai... Lume brando, Paz e fogo,
Luz final.
Poema de Pedro Abrunhosa
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