segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
sábado, 21 de janeiro de 2012
Ouvir Chopin: Noturno
A propósito da apresentação do livro de Ismael e Chopin de Miguel Sousa Tavares, ouvimos Noturno de Chopin.
A existência das "novas" tecnologias na sala (novidade!), a vontade dos miúdos de ter uma aula diferente e uma professora / pessoa que, "por vezes", se deixa convencer, contribuíram para um belo momento que vai ficar nas nossas memórias por muito tempo.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
De- Lovely: um ótimo filme e muito boa música
Vi este filme no canal Hollywood. De- Lovely é sobre a vida e a música do compositor Cole Porter. Aqui fica uma das músicas da banda sonora. Foi difícil a escolha: Begin the beguine por Sheryl Crow.
De-Lovely, do realizador Irvin Winkler, com Kevin Kline e Judd Jonathan Pryce, 2004
BEGIN THE BEGUINE
When they begin
the beguine
it brings back the sound
of music so tender
it brings back a night
of tropical splendor
it brings back a memory of green
I'm with you once more
under the stars
and down by the shore
an orchestras playing
and even the palms
seem to be swaying
when they begin
the beguine
to live it again
is past all endeavor
except when that tune
clutches my heart
and there we are swearing to love forever
and promising never
never to part
a moments divine
what rapture serene
to clouds came along
to disperse the joys we had tasted
and now when I hear people curse the chance that was wasted
I know but too well what they mean
so dont let them begin the beguine
let the love that was once a fire
remain an ember
let it sleep like the dead desire I only remember
when they begin the beguine
oh yes let them begin the beguine
make them play
til the stars that were there before
return above you
till you whisper to me
once more darling I love you
and we suddenly know what heaven we're in
when they begin
the beguine
Begin the beguine, Cole Porter (Paris 1935)
Praia | Sophia de Mello Breyner
"Cá fora, mal passámos a porta que dava para a varanda, o grande sopro do mar cobriu-nos, rodeou-nos, invadiu-nos.
O nevoeiro tinha transfigurado tudo.
Agora só cheirava a mar. Um perfume apaixonado de algas escorria das árvores. Lua e estrelas não se viam. Nem os plátanos se viam. Só se viam muros brancos no nevoeiro branco. Tudo estava imóvel e suspenso.
Só a voz do mar se ouvia, espantosamente real, recriando-se incessantemente.
E parecia que os grandes, verdes e violentos espaços marinhos, como sendo o nosso próprio destino, nos chamavam."
final do conto Praia, em Contos exemplares de Sophia de Mello Breyner, Figueirinhas, 2006 (excerto)
Foto de As estações do ano
sábado, 14 de janeiro de 2012
LÁ FORA FAZ FRIO ...
Perfeito vazio
Aqui estou eu
Sou uma folha de papel vazia
Pequenas coisas
Pequenos pontos
Vão me mostrando o caminho
Às vezes aqui faz frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
Às vezes aqui faz frio
Sei que me esperas
Não sei se vou lá chegar
Tenho coisas para fazer
Tenho vidas para acompanhar
Às vezes lá faz mais frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio
Bem-vindos à minha casa
Ao meu lar mais profundo
De onde eu saio por vezes
A conquistar o mundo
Às vezes tu tens mais frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio
No teu peito mais vazio.
PARABÉNS XUTOS!
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Uma esplanada sobre o mar de Vergílio Ferreira
"Pôs-lhe a mão no braço e olhava-o fixamente. Ele olhou-a também e ambos ficaram a tentar entender-se em silêncio. Depois ela tirou a mão do braço do rapaz e acendeu novo cigarro. O sol escorria do alto e inundava-lhes agora toda a mesa. O rapaz tomou o copo e bebeu um gole devagar.
- Diz outra vez - repetiu a rapariga. - Deixa-me entender. Diz outra vez para entender tudo muito bem.
- Tu vais dizer que tudo isto é estúpido e eu sei bem que é. Mas se a gente pensar bem, a estupidez é só nossa.
- Sim. Mas explica tudo muito bem. Desde o princípio. Devagarinho.
- A estupidez é só nossa, porque a vida não é verdade. Mas é a única coisa em que se acredita - disse o rapaz.
- Sim - repetiu a rapariga. - Mas era bom que explicasses desde o princípio. Devagarinho. Para eu não acreditar também. Está um dia cheio de sol.
- Mas a explicação é simples - disse ele, balouçando o líquido no fundo do copo. - Eu vou explicar tudo. Eu vou.
Estava uma tarde cheia de sol. As águas brilhavam até ao limite do horizonte, um barco à vela ia passando pela estrada de lume. O ar estava quente. E a brisa do mar quase não chegava ali."
Final de A esplanada sobre o mar de Vergílio Ferreira, Difel (ver mais aqui)
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Inverno: Esplanada
ESPLANADA
Da esplanada em vão me projeto
André Kertérsz, 1947 |
Tento ver sem me ver
Na esperança súbita de saber
Em que movimentos me finto.
Naquele entrecruzar constante
Neste chocar sem chocar
Onde o espaço é quase tudo
e o tempo quase nada
me tento em vão ver passar.
Uns vão rindo outros sorrindo
outros vão de rosto mudo
há quem simplesmente vá indo
Na fé que o vento varra tudo
Mas eis que um olhar diferente
vestes tu a esvoaçar
como se há muito os prédios
não nos tirassem o ar.
Na fronte leva a certeza
De mar manso em lua cheia
deixo 20 paus na mesa
vou apanhar a boleia ...
sábado, 7 de janeiro de 2012
INQUIETUDE E MUDANÇA
Há "coisas" que passam à frente dos nossos olhos e que nos fazem sentir que estamos há muitos anos no mesmo sítio, lembrando-nos a frase de Sócrates "Não sou grego nem ateniense mas sim um cidadão do mundo." E ficamos com vontade de a(s) seguir ...
Todo cambia de Mercedes Sosa encontrado em Existente Instante, um dos "meus" blogues de eleição.
Soneto de Luís de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
E, afora este mudar-se cada dia,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Beleza e fantasia.
Inicio este ano de 2012 com a referência a um filme de animação - Spirit - a marcar uma década de inúmeras visualizações deste género cinematográfico, em que a beleza e a fantasia são reis.
Spirit de Kelly Asbury e Lorna Cook, 2002. Banda sonora da autoria de Brian Adams.
Os três reis do oriente: Baltasar
"A estrela ergueu-se muito devagar sobre o Céu, a oriente. O seu movimento era quase imperceptível. Parecia estar muito perto da terra. Deslizava em silêncio, sem que uma folha se agitasse. Vinha desde sempre. Mostrava a alegria, a alegria una, sem falha, o vestido sem costura da alegria, a substância imortal da alegria.
Baltasar reconheceu-a logo, porque ela não podia ser de outra maneira."
Final do conto Os três reis do oriente, de Sophia de Mello Breyner. Ilustrações de Fedra Santos.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Os três reis do oriente: Melchior
"Nessa noite, depois da lua ter desaparecido atrás das montanhas, Melchior subiu ao terraço e viu que havia no céu, a oriente, uma nova estrela.
A cidade dormia, escura e silenciosa, enrolada em ruelas e confusas escadas. Na grande avenida dos templos já ninguém caminhava. Só de longe em longe se ouvia, vindo das muralhas, o grito de ronda dos soldados.
E sobre o mundo do sono, sobre a sombra intrincada dos sonhos onde os homens se perdiam tateando, como num labirinto espesso, húmido e movediço, a estrela acendia, jovem, trémula e deslumbrada, a sua alegria.
E Melchior deixou o palácio nessa noite."
Os três reis do oriente de Sophia de Mello Breyner Andersen. Ilustrações de Fedra Santos. (excerto)
Os três reis do oriente de Sophia de Mello Breyner Andersen. Ilustrações de Fedra Santos. (excerto)
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Os três reis do oriente: Gaspar
Mas depois o seu olhar habituou-se ao novo brilho e ele viu que era uma estrela, uma nova estrela, semelhante às outras, mas um pouco mais próxima e mais clara e que, muito devagar, deslizava para o ocidente.
E foi para seguir essa estrela que Gaspar abandonou o seu palácio."
Os três reis do Oriente de Sophia de Mello Breyner. Ilustrações de Fedra Santos.(excerto)
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