quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Praia | Sophia de Mello Breyner

"Cá fora, mal passámos a porta que dava para a varanda, o grande sopro do mar cobriu-nos, rodeou-nos, invadiu-nos.
O nevoeiro tinha transfigurado tudo.
Agora só cheirava a mar. Um perfume apaixonado de algas escorria das árvores. Lua e estrelas não se viam. Nem os plátanos se viam. Só se viam muros brancos no nevoeiro branco. Tudo estava imóvel e suspenso.
Só a voz do mar se ouvia, espantosamente real, recriando-se incessantemente.
E parecia que os grandes, verdes e violentos espaços marinhos, como sendo o nosso próprio destino, nos chamavam."



final do conto Praia, em Contos exemplares de Sophia de Mello Breyner, Figueirinhas, 2006 (excerto)
Foto de As estações do ano

1 comentário:

Cláudia M. disse...

"De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.(...)" Sophia de Mello B.A.