segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
sábado, 5 de setembro de 2015
terça-feira, 1 de setembro de 2015
Enquanto for só ternura de VERÃO ... Enquanto!
Um Caso Mais
Enquanto foi só um bom momento deu
Enquanto foi só um pensamento meu
Deus, deu só num caso forte a mais.
Enquanto se achava graça ao que se escondeu
E a horas eram mais longas do que a verdade
Fez p'ra ser só outro caso mais.
E a horas eram mais longas do que a verdade
Fez p'ra ser só outro caso mais.
Enquanto for só ternura de Verão
Eu vou,
Enquanto a excitação der para um carinho
Eu dou.
Traz
Uma leveza
Ah, mas concerteza
Eu dou
Um outro melhor bom dia.
Já trocámos nortadas por vento sul
Enquanto demos risadas foi-se o azul
Nem sei qual deles foi azul demais.
Mas não ficará só a sensação de cor
Nem sei o que o coração irá dizer de cor
Se o Inverno for, depois, duro demais.
Trovante
Eu vou,
Enquanto a excitação der para um carinho
Eu dou.
Traz
Uma leveza
Ah, mas concerteza
Eu dou
Um outro melhor bom dia.
Já trocámos nortadas por vento sul
Enquanto demos risadas foi-se o azul
Nem sei qual deles foi azul demais.
Mas não ficará só a sensação de cor
Nem sei o que o coração irá dizer de cor
Se o Inverno for, depois, duro demais.
Trovante
sexta-feira, 10 de julho de 2015
quarta-feira, 1 de julho de 2015
Júlio Resende e Elisa Rodrigues: A tua frieza gela
A tua frieza gela de António Zambujo e Maria do Rosário Pedreira
domingo, 21 de junho de 2015
Primeira Noite de Verão de Sophia
Comecei a escrever numa noite de primavera, uma incrível noite de vento leste e junho. Nela o fervor do universo transbordava e eu não podia reter, cercar, conter – nem podia desfazer-me em noite, fundir-me na noite.
No gume da perfeição, no imenso halo de luz azul e transparente, no rouco da treva, na quasi palavra de murmúrio da brisa entre as folhas, no íman da lua, no insondável perfume das rosas, havia algo de pungente, algo de alarme.
Como sempre a noite de vento leste misturava extasi e pânico.
Sophia de Mello Breyner
Porto, 9 de maio de 1934
Porto, 9 de maio de 1934
domingo, 14 de junho de 2015
Who can say where the road goes | Enya
Only Time by Enya
Who can say where the road goes?
Where the day flows?
Only time
And who can say if your love grows
As your heart chose?
Only time
Who can say why your heart sighs
As your love flies?
Only time
And who can say why your heart cries
When your love lies?
Only time
Who can say when the roads meet
That love might be in your heart?
And who can say when the day sleeps
If the night keeps all your heart,
Night keeps all your heart?
Who can say if your love grows
As your heart chose?
Only time
And who can say where the road goes?
Where the day flows?
Only time
Who knows? Only time
sexta-feira, 12 de junho de 2015
Júlio Resende e Elisa Rodrigues | Dá-me Lume
Dá-me lume
Chegaste com três vinténs
E o ar de quem não tem
Muito mais a perder
O vinho não era bom,
A banda não tinha tom,
Mas tu fizeste a noite apetecer.
Mandaste a minha solidão embora,
Iluminaste o pavilhão da aurora,
Com o teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar.
Eu fiquei louco por ti,
Logo rejuvenesci,
Não podia falhar!
Dispondo a meu favor
Da eloquência do amor
Ali mesmo à mão de semear
Mostrei-te a origem do bem e o reverso,
Provei-te que o que conta no universo
É esse passo inseguro e o paraíso no teu olhar
Dá-me lume, dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-me, até a música acabar
Dá-me lume, não deixes o frio entrar
Faz os teus braços fechar-me as asas há tanto tempo a acenar
Eu tinha o espírito aberto
Ás vezes andei perto
Da essência do amor
Porém no meio dos colchões
No meio dos trambolhões
A situação era cada vez pior
Tu despertaste em mim um ser mais leve
E eu sei que essencialmente isso se deve
A esse passo inseguro e ao paraíso no teu olhar
Se eu fosse compositor
Compunha em teu louvor
Um hino triunfal
Se eu fosse crítico de arte
Havia de declarar-te
Obra prima à escala mundial
Mas eu não passo de um homem vulgar
Que teve a sorte de saborear
Esse teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar
poema de Jorge Palma
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quarta-feira, 10 de junho de 2015
SONHO E POESIA | Pedro Lamares
A poesia não se serve em pratos de balança | Pedro Lamares, 2015
A minha escolha para marcar este dia de Portugal:
Pedro Lamares diz, de Alberto Caeiro, 'Guardador de Rebanhos' - O meu olhar é nítido como o girassol, Portugal de Jorge Sousa Braga, e este texto de Manuel António Pina. Fica, aqui, o registo escrito deste último.
Manuel António Pina escreveu este texto no Jornal de Notícias, em 9 de novembro de 2005
Os meus gatos dormem durante a maior parte do dia (e, obviamente, durante a noite toda). Suspeito que os gatos têm um segredo, que conhecem uma porta para um mundo coincidente e feliz, por onde só se passa sonhando. Um mundo criado como Deus terá criado o nosso humano mundo, à sua desmesurada imagem. Porque os que sonham são deuses criadores. Os gatos sonham dormindo, os homens sonham fazendo perguntas e procurando respostas.
Mas os meus gatos dormem e sonham porque não têm fome. Teriam, se precisassem de procurar comida, tempo para sonhar? Acontece talvez assim com os homens. Como se o espírito criador fosse, afinal, prisioneiro do estômago. Talvez, então, a mesquinhez de propósitos da nossa vida colectiva radique, como nos querem fazer crer, no défice, e talvez o cumprimento das normas do pacto de estabilidade seja o único sonho que nos é hoje permitido.
E, contudo, dir-se-ia (e isto é algo que escapa aos economistas) que é o sonho, mais do que a balança de pagamentos, que alimenta a vida, e que os povos, como os homens, precisam de mais do que de números. Os próprios números têm (os economistas não o sabem porque a sua ciência dos números é uma ciência de escravos) o poder desrazoável de, não apenas repetir, mas sonhar o mundo.
Há anos que somos governados por economistas e o resultado está à vista. Talvez seja chegada a altura de ser a política (e o sonho) a dirigir a economia e não a economia a dirigir a política. Jesus Cristo «não sabia nada de finanças, / nem consta que tivesse biblioteca», e o seu sonho, no entanto, continua a mover o mundo.
JN, 09/11/2005
terça-feira, 2 de junho de 2015
'Que ninguém há de saber o que disseres'
Cantiga de Amor
Preferias que cantasse noutro tom
Que te pintasse o mundo de outra cor
Que te pusesse aos pés um mundo bom
Que te jurasse amor, o eterno amor
Querias que roubasse ao sete estrelo
A luz que te iluminasse o olhar
Embalar-te nas ondas com desvelo
Levar-te até à lua para dançar
Que a lua está longe e mesmo assim
Dançar podemos sempre, se quiseres
Ou então, se preferires, fica aí
Que ninguém há de saber o que disseres
Talvez até pudesse dar-te mais
Que tudo o que tu possas desejar
Não te debruces tanto que ainda cais
Não sei se me estás a acompanhar
Que a lua está longe e mesmo assim
Dançar podemos sempre, se quiseres
Ou então, se preferires, fica aí
Que ninguém há de saber o que disseres
Podia, se quisesses, explicar-te
Sem pressa, tranquila, devagar
E pondo, claro está, modéstia à parte
Uma ou duas coisas, se calhar
Que a lua está longe e mesmo assim
Dançar podemos sempre, se quiseres
Ou então, se preferires, fica aí
Que ninguém há de saber o que disseres
do álbum 08 de 2008
quinta-feira, 28 de maio de 2015
segunda-feira, 25 de maio de 2015
sexta-feira, 22 de maio de 2015
quarta-feira, 20 de maio de 2015
terça-feira, 19 de maio de 2015
Clandestinos do amor | Ana Moura
Clandestinos do amor de António Pedro Vasconcelos, da banda sonora Os gatos não têm vertigens, do mesmo autor, 2014.
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Ninguém faz de propósito, eu sei! Mas acontece tantas vezes ...
"Para celebrar o Dia Internacional da Língua Portuguesa, Vasco Palmeirim convidou os D.A.M.A para se juntarem a ele numa nova versão de Às Vezes. Passou a ser Às Vezes (Escuto e Observo Erros de Português). Juntos, somos os Cavaleiros do Priberam."
Neste poema, enunciam-se muitos dos erros que encontramos por aí, lamentavelmente, em textos de pessoas que teriam a obrigação e o dever de não os cometer. Podem ouvir com atenção a letra e, em caso de dúvidas, consulte o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Eu faço-o!
terça-feira, 5 de maio de 2015
O Dia da Língua Portuguesa e da Cultura
Hoje é o dia em que, oficialmente, se comemora o dia da língua portuguesa e da cultura no mundo da lusofonia. Escolhi o episódio de Inês de Castro de Os Lusíadas, por o considerar um dos textos mais bonitos escritos na nossa língua.
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus formosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus formosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria.
De outras belas senhoras e Princesas
Os desejados tálamos enjeita,
Que tudo, enfim, tu, puro amor, desprezas
Quando um gesto suave te sujeita.
Vendo estas namoradas estranhezas,
O velho pai sesudo, que respeita
O murmurar do povo e a fantasia
Do filho, que casar-se não queria,
Tirar Inês ao mundo determina,
Por lhe tirar o filho que tem preso,
Crendo co sangue só da morte indina
Matar do firme amor o fogo aceso.
Que furor consentiu que a espada fina
Que pôde sustentar o grande peso
Do furor Mauro, fosse alevantada
Contra ua fraca dama delicada?
Traziam-a os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, à morte crua o persuade.
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saudade
Do seu Príncipe e filhos, que deixava,
Que mais que a própria morte a magoava,
Pera o céu cristalino alevantando,
Com lágrimas, os olhos piedosos
(Os olhos, porque as mãos lhe estava atando
Um dos duros ministros rigorosos);
E depois nos mininos atentando,
Que tão queridos tinha e tão mimosos,
Cuja orfindade como mãe temia,
Pera o avô cruel assim dizia:
-«Se já nas brutas feras, cuja mente
Natura fez cruel de nascimento,
E nas aves agrestes, que somente
Nas rapinas aéreas têm o intento,
Com pequenas crianças viu a gente
Terem tão piadoso sentimento
Como com a mãe de Nino já mostraram,
E cos irmãos que Roma edificaram:
Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito
(Se de humano é matar ua donzela,
Fraca e sem força, só por ter subjeito
O coração a quem soube vencê-la),
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o não tens à morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.
E se, vencendo a Maura resistência,
A morte sabes dar com fogo e ferro
Sabe também dar vida com clemência
A quem pera perdê-la não fez erro.
Mas, se to assim merece esta inocência,
Põe-me em perpétuo e mísero desterro,
Na Cítia fria ou lá na Líbia ardente,
Onde em lágrimas viva eternamente.
Põe-me onde se use toda a feridade,
Entre liões e tigres, e verei
Se neles achar posso a piedade
Que entre peitos humanos não achei.
Ali, co amor intrínseco e vontade
Naquele por quem mouro, criarei
Estas relíquias suas, que aqui viste,
Que refrigério sejam da mãe triste.»
Queria perdoar-lhe o Rei benino,A morte sabes dar com fogo e ferro
Sabe também dar vida com clemência
A quem pera perdê-la não fez erro.
Mas, se to assim merece esta inocência,
Põe-me em perpétuo e mísero desterro,
Na Cítia fria ou lá na Líbia ardente,
Onde em lágrimas viva eternamente.
Põe-me onde se use toda a feridade,
Entre liões e tigres, e verei
Se neles achar posso a piedade
Que entre peitos humanos não achei.
Ali, co amor intrínseco e vontade
Naquele por quem mouro, criarei
Estas relíquias suas, que aqui viste,
Que refrigério sejam da mãe triste.»
Movido das palavras que o magoam;
Mas o pertinaz povo e seu destino
(Que desta sorte o quis) lhe não perdoam.
Arrancam das espadas de aço fino
Os que por bom tal feito ali apregoam.
Contra ua dama, ó peitos carniceiros,
Feros vos amostrais - e cavaleiros?
Qual contra a linda moça Policena,
Consolação extrema da mãe velha,
Porque a sombra de Aquiles a condena,
Co ferro o duro Pirro se aparelha;
Mas ela, os olhos com que o ar serena
(Bem como paciente e mansa ovelha)
Na mísera mãe postos, que endoudece,
Ao duro sacrifício se oferece:
Tais contra Inês os brutos matadores,
No colo de alabastro, que sustinha
As obras com que Amor matou de amores
Aquele que depois a fez Rainha,
As espadas banhando, e as brancas flores,
Que ela dos olhos seus regadas tinha,
Se encarniçavam, férvidos e irosos,
No futuro castigo não cuidosos.
Bem puderas, ó Sol, da vista destes,
Teus raios apartar aquele dia,
Como da seva mesa de Tiestes,
Quando os filhos por mão de Atreu comia!
Vós, ó côncavos vales, que pudestes
A voz extrema ouvir da boca fria,
O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes,
Por muito grande espaço repetistes!
Assim como a bonina, que cortada
Antes do tempo foi, cândida e bela,
Sendo das mãos lacivas maltratada
Da minina que a trouxe na capela,
O cheiro traz perdido e a cor murchada:
Tal está, morta, a pálida donzela,
Secas do rosto as rosas e perdida
A branca e viva cor, com a doce vida.
As filhas do Mondego a morte escura
Longo tempo chorando memoraram,
E, por memória eterna, em fonte pura
As lágrimas choradas transformaram.
O nome lhe puseram, que inda dura,
Dos amores de Inês, que ali passaram.
Vede que fresca fonte rega as flores,
Que lágrimas são a água e o nome Amores!
Que lágrimas são a água e o nome Amores!
em Os Lusíadas de Luís de Camões (Canto III, estrofes 120 -135)
segunda-feira, 4 de maio de 2015
STILL ALICE | Memories: my most precious possessions!
All my live I' ve accumulated memories. They' ve become, in a way, my most precious possessions ...
Still Alice de Richard Glatzer e Wash Westmoreland, 2014.
The art of losing isn’t hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
(...)
In Art de Elizabeth Bishop
sexta-feira, 1 de maio de 2015
Zeca Afonso ao vivo | Coliseu 1983
Lembrar, hoje, no dia em que, ainda, se comemora o Dia do Trabalhador, Luís Cilia, Adriano Correia de Oliveira, Fausto, Francisco Fanhais, Vitorino, Sérgio Godinho ... neste concerto de Zeca Afonso, no Coliseu, em 1983 (na íntegra).
Trova do vento que passa de Manuel Alegre
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre
Chuva no mar | Carminho e Marisa Monte
Chuva no mar do álbum Canto, 2014
poema de Arnaldo Antunes e música de Carminho e Marisa Monte
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Há trinta anos que a Arrábida me fascina!
Há 35 anos, fui a Paris pela primeira vez e fiquei deslumbrada. Há 30 anos que sou professora e ainda não me arrependi. Há 28 anos, fiz interrail e viajei sem destino. Há 20 anos que moro em Setúbal, cidade que escolhi para viver. Há treze anos, fui mãe e foi um momento mágico!
Este texto é sobre a utilização do há (verbo haver) com expressões de tempo. A forma que eu encontrei para explicar o seu emprego foi o de partilhar com quem passa por aqui, por acaso ou não, alguns momentos felizes da minha vida. Cuidem bem da nossa língua e não se desculpem com o acordo ortográfico. Facto continua a escrever-se com C e cágado continua a ter acento, como palavra esdrúxula que é. Filtrem a informação que partilham por essas redes sociais que, muitas vezes, induzem as pessoas em erro. A língua portuguesa (com sotaque ou sem) agradece!
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terça-feira, 21 de abril de 2015
Quero escrever-te um poema que ... | Nuno Júdice
Quero escrever-te um poema que
tenha um sentido claro como o
que os teus olhos me disseram.
Poderia ser um poema de amor,
tão breve como o instante em
que me deixaste ver os teus olhos.
Mas o que os olhos dizem não cabe
num poema, nem eu sei como se diz
o amor que só os olhos conhecem.
Nuno Júdice
tenha um sentido claro como o
que os teus olhos me disseram.
Poderia ser um poema de amor,
tão breve como o instante em
que me deixaste ver os teus olhos.
Mas o que os olhos dizem não cabe
num poema, nem eu sei como se diz
o amor que só os olhos conhecem.
Nuno Júdice
domingo, 19 de abril de 2015
segunda-feira, 6 de abril de 2015
sexta-feira, 3 de abril de 2015
quinta-feira, 2 de abril de 2015
Rogério Samora diz Cesariny
Poema de Mário Cesariny, música de Rodrigo Leão e voz de Rogério Samora.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Durante a primavera inteira aprendo | Herberto Helder
Não sei como dizer-te que a minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Durante a primavera inteira aprendo
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstrato
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.
de Herberto Helder, excerto do poema «Tríptico», publicado em A Colher na Boca, 1961
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.
de Herberto Helder, excerto do poema «Tríptico», publicado em A Colher na Boca, 1961
A Terra gira ao contrário e os rios nascem no mar ...
Os loucos de Lisboa
Parava no café quando eu lá estava
Na voz tinha o talento dos pedintes
Entre um cigarro e outro lá cravava
a bica, ao melhor dos seus ouvintes
As mãos e o olhar da mesma cor
Cinzenta como a roupa que trazia
Um gesto que podia ser de amor
Sorria, e ao partir agradecia
São os loucos de Lisboa
Que nos fazem duvidar
Que a Terra gira ao contrário
E os rios nascem no mar
Um dia numa sala do quarteto
Passou um filme lá do hospital
Onde o esquecido filmado no gueto
Entrava como artista principal
Compramos a entrada p'ra sessão
Pra ver tal personagem no écran
O rosto maltratado era a razão
De ele não aparecer pela manhã
Como o café mudou de freguesia
Deixamos de tributo a quem lá pára
Um louco a fazer-lhe companhia
E sempre a mesma posse o mesmo olhar
De quem não mede os dias que vagueam
Sentado la continua a cravar
Beijinhos as meninas que passeiam.
poema de João Monge
música de João Gil
sábado, 28 de março de 2015
FELICIDADE | Ala dos Namorados
E no dia em se comemorou o dia Mundial do Teatro, a Ala dos Namorados apresentou o seu disco FELICIDADE, no Teatro Aberto. Nuno Guerreiro e Ana Bacalhau cantaram e encantaram. Ouvir aqui! Momentos mágicos!
<
O que mais me custa
Talvez
seja isto a solidão
este nó no coração
apertado com saudade
Talvez
seja isto o abandono
como as folhas do outono
que se espalham na cidade
Talvez
seja só isto que sobra
quando o tempo vem e cobra
a alegria que nos deu
Talvez
seja só isto que resta
quando nada já nos resta
quando tudo já doeu
O que mais custa é não saber de ti
Não saber se me esqueceste
Não saber se me perdeste
não saber se te perdi
Talvez
se eu voltasse a ser brinquedo
eu matasse este medo
de já não servir ninguém
Talvez
se eu voltasse à tua mão
se acabasse a escuridão
e eu visse mais além
Talvez
seja isto que magoa
ver que o tempo não perdoa
e que o teu amor passou
Talvez
seja assim que tudo acaba
pode ser que talvez nada
nos avise que acabou
o que mais custa é não saber de ti
Não saber se me esqueceste
Não saber se me perdeste
não saber se te perdi
poema de José Fialho de Almeida
música de Manuel Paulo
O que mais me custa
Talvez
seja isto a solidão
este nó no coração
apertado com saudade
Talvez
seja isto o abandono
como as folhas do outono
que se espalham na cidade
Talvez
seja só isto que sobra
quando o tempo vem e cobra
a alegria que nos deu
Talvez
seja só isto que resta
quando nada já nos resta
quando tudo já doeu
O que mais custa é não saber de ti
Não saber se me esqueceste
Não saber se me perdeste
não saber se te perdi
Talvez
se eu voltasse a ser brinquedo
eu matasse este medo
de já não servir ninguém
Talvez
se eu voltasse à tua mão
se acabasse a escuridão
e eu visse mais além
Talvez
seja isto que magoa
ver que o tempo não perdoa
e que o teu amor passou
Talvez
seja assim que tudo acaba
pode ser que talvez nada
nos avise que acabou
o que mais custa é não saber de ti
Não saber se me esqueceste
Não saber se me perdeste
não saber se te perdi
poema de José Fialho de Almeida
música de Manuel Paulo
sexta-feira, 27 de março de 2015
Dia Mundial do Teatro | Ode Marítima interpretada por Diogo Infante
Ode Marítima de Álvaro de Campos
Direção cénica: Natália Luiza
Música de João Gil
Nova e moderna estupidez | Mixórdia de temáticas
E, neste inverno interminável, o que me desgosta, desanima e entristece?! Estas novas e modernas formas de estupidez e não só, claro! Magnífico!
quarta-feira, 25 de março de 2015
domingo, 22 de março de 2015
Luis Cilia e Lia Gama dizem 'Segredo'
SEGREDO
Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça
nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa
Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço
Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar
Maria Teresa Horta
sexta-feira, 20 de março de 2015
Carmina Burana: Veris Leta Facies
E no dia em que a primavera começa, ouçamos Veris leta facies / A alegre face da primavera, Carmina Burana.
mundo propinatur,
hiemalis acies
victa iam fugatur,
in vestitu vario
Flora principatur,
nemorum dulcisono
que cantu celebratur. Ah!
Flore fusus gremio
Phebus novo more
risum dat, hac vario
iam stipate flore.
Zephyrus nectareo
spirans in odore.
Certatim pro bravio
curramus in amore. Ah!
Cytharizat cantico
dulcis Philomena,
flore rident vario
prata iam serena,
salit cetus avium
silve per amena,
chorus promit virgin
iam gaudia millena. Ah!
Certatim pro bravio
curramus in amore. Ah!
Cytharizat cantico
dulcis Philomena,
flore rident vario
prata iam serena,
salit cetus avium
silve per amena,
chorus promit virgin
iam gaudia millena. Ah!
Veris leta facies | Carmina Burana
domingo, 15 de março de 2015
sábado, 14 de março de 2015
Falemos sobre o amor ...
Quando conhecemos alguém novo e empolgante, este invade as nossas sinapses como um vírus e estímulos neuroquímicos que alimentam a atração, a excitação e a obsessão. Ficamos distraídos! Pensamos nessa pessoa constantemente.
Mas não pensamos apenas nela. Construímos um modelo interno, uma simulação que nos ajudará a prever como sentirá, pensará.
Claro que as relações têm problemas quando a simulação choca com a realidade. O que levanta uma questão: apaixonamo-nos de facto por uma pessoa ou pela nossa ideia de quem é?"
Daniel Pierce em Perception
domingo, 15 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
O meu lado esquerdo é mais forte do que o outro | CLÃ
O meu lado esquerdo
é mais forte do que o outro
é o lado da intuição
É o lado onde mora o coração
O meu lado esquerdo
Oriente do meu instinto
É o lado que me guia no escuro
É o lado com que eu choro e com que eu sinto
Meu é o meu foi o meu lado esquerdo
Que me levou até ti
Quando eu já pensava
Que não existias para mim no mundo
O meu lado esquerdo não sabe o que é a razão
É ele que me faz sonhar
É ele que tantas vezes diz não
Meu é o meu foi o meu lado esquerdo
Que me levou até ti
Quando eu já pensava
Que não existias para mim no mundo
Clã
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Seja o que for que sirva para iluminar | Abrunhosa 2011
Mais do que as datas que nunca se esquecem está alguém que me animou e alegrou, apaixonou e aconchegou, ao longo destes outonos, invernos, primaveras, verões, ...
Abrunhosa 2011
Abrunhosa 2011
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Maria Gadú e Marco Rodrigues | Valsa
Valsa
Tua alegoria já não abre alas
Pra toda poesia que insiste em bater
Nos tambores surdos da porta que cerras
Pra chorar sozinha por tanto querer
Teu amadorismo impõe tal carência
Não sou da cadência, não sou de valor
Você é rara, no mundo
Só dance essa valsinha se preciso for
Eu tento trair, não me cabe a culpa
Abra logo a tua porta
Minha vã certeza vai te embargar
Sigo distraída, a tal impureza
Mas é carnaval de novo, você se dissolve
E a saudade aumenta
Não precisa o amor
Não precisa o abraço, não te cobre o laço
Que não cobre o som
Teu grito arde, invade, a casa
E as palavras calam no meu coração
Pra toda poesia que insiste em bater
Nos tambores surdos da porta que cerras
Pra chorar sozinha por tanto querer
Teu amadorismo impõe tal carência
Não sou da cadência, não sou de valor
Você é rara, no mundo
Só dance essa valsinha se preciso for
Eu tento trair, não me cabe a culpa
Abra logo a tua porta
Minha vã certeza vai te embargar
Sigo distraída, a tal impureza
Mas é carnaval de novo, você se dissolve
E a saudade aumenta
Não precisa o amor
Não precisa o abraço, não te cobre o laço
Que não cobre o som
Teu grito arde, invade, a casa
E as palavras calam no meu coração
O destino que se cumpriu, de sentir seu calor e ser tudo ...
Amor de Índio
Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo cuidado, meu amor
Enquanto a chama arder
Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com o arco da promessa
Do azul pintado pra durar
Abelha fazendo mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser todo
Todo dia é de viver
Para ser o que for e ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado, meu amor
A massa que faz o pão
Vale a luz do teu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes
O tempo acordado de viver
No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser tudo
domingo, 18 de janeiro de 2015
Que nunca caiam as pontes entre nós | Coliseu 2011
E
Pontes entre nós
Eu tenho o tempo,
Tu tens o chão,
Tens as palavras
Entre a luz e a escuridão.
Eu tenho a noite,
E tu tens a dor,
Tens o silêncio
Que por dentro sei de cor.
E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.
Eu tenho o medo,
Tu tens a paz,
Tens a loucura que a manhã ainda te traz.
Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo que bata em nós um coração.
E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.
Pedro Abrunhosa
Pontes entre nós
Eu tenho o tempo,
Tu tens o chão,
Tens as palavras
Entre a luz e a escuridão.
Eu tenho a noite,
E tu tens a dor,
Tens o silêncio
Que por dentro sei de cor.
E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.
Eu tenho o medo,
Tu tens a paz,
Tens a loucura que a manhã ainda te traz.
Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo que bata em nós um coração.
E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.
Pedro Abrunhosa
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
Fotografia de Madrid de José Luís Peixoto
FOTOGRAFIA DE MADRID
Madrid regressará sempre. São precisos anos
para aprender aquilo que apenas acontece com
a distância de anos. É por isso que posso afirmar
que Madrid regressará sempre. Não sei que tipo
de entendimento encontrámos. Eu e Madrid não
nos conhecemos bem. Sabemos o essencial e
inventamos tudo o resto. Tanto a minha vida,
como a vida de Madrid, já tiveram muitas formas.
No entanto, quando nos encontramos, somos
sempre o mesmo nome. Avaliamo-nos por
cicatrizes e pequenas marcas de idade.
Não estabelecemos metas, estamos cansados.
Eu e Madrid só queremos uma cama, mas,
se não houver, contentamo-nos com o chão e,
se não houver, contentamo-nos com um abraço.
de José Luís Peixoto em Gaveta de Papéis (edições Quasi)
Madrid regressará sempre. São precisos anos
para aprender aquilo que apenas acontece com
a distância de anos. É por isso que posso afirmar
que Madrid regressará sempre. Não sei que tipo
de entendimento encontrámos. Eu e Madrid não
nos conhecemos bem. Sabemos o essencial e
inventamos tudo o resto. Tanto a minha vida,
como a vida de Madrid, já tiveram muitas formas.
No entanto, quando nos encontramos, somos
sempre o mesmo nome. Avaliamo-nos por
cicatrizes e pequenas marcas de idade.
Não estabelecemos metas, estamos cansados.
Eu e Madrid só queremos uma cama, mas,
se não houver, contentamo-nos com o chão e,
se não houver, contentamo-nos com um abraço.
de José Luís Peixoto em Gaveta de Papéis (edições Quasi)
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