"A alguém que temperou e condimentou com o seu sorriso e o seu olhar de maresia o meu almoço solitário."
TERNURA
É num carioca de limão
que fica a boiar o olhar
que eu espero
como um navio que me levasse
até ao cabo da ternura
É numa chávena de café
que eu poiso o meu cigarro
como se o fumo fosse um arco de criança
para tu guiares
pelas ruas do coração.
É numa mesa redonda
como o corpo da solidão
que a loucura é de repente
um ângulo aberto, uma estrada
para onde nós quisermos ir
sem feras a cercar-nos o passo.
É aqui neste café cronometrado
pelos otários do tempo,
pelos algozes do sofrimento
que eu acordo em ti a asa
mais louca do desejo
e digo ...
Manuel José de Sá Correia (texto com supressões)
Manuel de Sá Correia e Mário Paiva em Sentado à Tua Mesa, 1ª edição, Viseu, 1980
1 comentário:
Lindíssimo!
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